Continuando a seguir as pegadas do Mia Couto, e tentando esquecer que já devia ter seguido há muito tempo, mas como dizem: melhor tarde do que nunca.
Desta vez, o romance Vinte e Zinco, que traz a recordação tão significativa do número 25 para aquele que se sente português. 25 é sinônimo de liberdade!
Os capítulos têm como título as datas que antecedem e precedem a data da Revolução dos Cravos, em território africano, em Moçambique.
Nele conhecemos a atuação da polícia – o PIDE -, a presença feminina (portuguesa e moçambicana), a relação mãe-filho, que ainda é muito forte na educação portuguesa (minha opinião por observações), pequenas rebeldias contra o sistema, a presença da igreja católica, um cego que tudo vê, fantasmas do colonialismo,…
Um livro cuja leitura decorre com facilidade, mas que se sente a presença de metáforas que cairiam bem a uma pesquisa mais aprofundada sobre as suas origens e inspirações. No fim do livro, o autor tem o cuidado de definir algumas palavras da cultura africana. Esta cultura que para nós ainda é um tanto misteriosa.
Seguirei a ler Mia Couto, com certeza.
Seguem alguns trechos:
“A vida é infinita. Mas nada é tão enorme quanto a morte.”
“Não me venha com essas ideias de política. A política é desses incêndios que se acendem na casa do outro e quem arde é a nossa casa.”
“Quem não tem viagem é escolhido pela loucura.”
“Já não carecemos de igreja: o mundo inteiro se converteu numa imensa igreja. De joelhos,arrebanhados até ao sonho, aceitamos a qualquer preço isso a que chamam de redenção.”
“A guerra é vaidosa: se ostenta mesmo nos lugares onde se diz ser a exclusiva moradia da paz.”
“Tudo é terminável, até o futuro.”
Até ao próximo post! 😉