Clarice Lispector XXXVII

Três resumos de crônicas escritas por Clarice Lispector para o Jornal do Brasil.  As crônicas compõem o livro “Aprendendo a Viver”.

A escritora com integrantes da FAB na Itália

Tomando para mim o que era meu

Clarice relembra uma Primavera específica: comeu uma pera, desperdiçou metade. Beberam água na fonte, caminharam calados, insolentes. Ficou horas na borda da piscina. Não tinha piedade na Primavera e tomava para si o que era dela.


Doçura na terra

Descobrir a terra. Isso aconteceu numa viagem à Itália, a doçura da terra italiana. Início da Primavera, março.
A terra que está sob os pés. Estranho sentir-se a viver sobre uma coisa viva. E que retornaremos, avisados sobre isso antes de descobrir. Isso não era triste para ela. Era excitante.
A terra é um material precioso mesmo que haja em abundância. E tudo é feito de terra. Somos imortais.


O milagre das folhas

Nunca aconteceram milagres. Ela ouvia sobre milagres, e bastava para ter esperança.
Milagre, não. Coincidências. Vivia  delas. Mas havia um milagre, o das folhas. 
Andava pela rua e caía uma folha nos cabelos. Ela era a escolhida das folhas. Guardava-a na bolsa como um diamante. Até que um dia encontra-a morta e a deita fora. Não lhe era de interesse ter um fetiche morto como lembrança. Até que um dia, uma folha bateu em seus cílios. Ela achou Deus de uma grande delicadeza.

Até ao próximo post!

De volta à vida, o livro

“A lembrança de um abraço de amizade é menos emocionante do que a lembrança de um abraço de amor.” (pág. 8, Epub)

Continuando a viajar pelo mundo através  de autores de diferentes países… Foi a vez de ir à África do Sul.

Nadine Gondimer venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1991. Faleceu em 2014. Ela foi uma ativista  contra o “Apartheid” em seu país, e uma defensora da preservação do meio ambiente. Por isso, o seu livro De Volta à Vida (Get a Life) traz as pegadas de luta da escritora.

“O silêncio é só para os mortos.” (p.179, Epub)

O personagem principal  é um defensor do meio ambiente que resiste contra um carcinoma papilar (câncer da tiróide). Ele recebe o tratamento com iodo radioativo que é perigoso aos outros que entram em contato.

Torna-se uma espécie de leproso do século XXI. Sua esposa tem uma profissão que trabalha em sentido contrário à defesa do meio ambiente. 

A luta diária, antes e depois do tratamento, é pela preservação do Delta do Okavango (Botsuana), que é uma das Sete Maravilhas  da África, podendo ser visto do espaço.

Esperava mais do livro, já que a autora recebeu o Nobel de Literatura. Por vezes, o enredo ia por caminhos incompreensíveis, e uma situação triste no relacionamento dos pais do personagem que me deixou enojada, sem entender  porque as pessoas  magoam as outras por futilidades  quando existe companheirismo e amor. Essa situação  lembrou-me o pior livro que li de Paulo Coelho (Adultério).

Até ao próximo post!

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Strudel de alheira

É quase fim de semana vai uma dica de culinária. 😉

O Miau do Leão vai à cozinha para trazer um pouco da culinária portuguesa.  Desta vez preparei um strudel de alheira que é um enchido  típico português. Fui aos arredores de Bruxelas para comprar as alheiras no maior mercado português existente na Bélgica. É lá que também encontro algumas delícias brasileiras. A receita é do website de um supermercado português (Pingo Doce). É perfeita a combinação de alheira e maçã com um toque improvisado de espinafres substituindo os grelos da receita original. As sementes de papoila permaneceram na cobertura dando um acabamento todo especial. Acompanhei com uma salada bem composta de folhas diversas, pepino, tomate, passas, nozes, quejo feta, temperada com zatar, vinagre balsâmico e azeite português. Uma receita suficiente para 4 pessoas. Voilá! 😉

INGREDIENTES da receita original

400 g (2 unid.) alheiras de Mirandela
320 g (4 unid.) maçãs
1 c. de chá canela em pó
1 dente de alho
1 c. de sopa azeite
400 g (1 emb.) grelos congelados ( substitui por espinafres)
1 c. de chá sal
qb pimenta
230 g (1 emb.) massa folhada
1 ovo M
1 c. de sopa sementes de papoila

PREPARAÇÃO

1. Pré-aqueça o forno a 200 °C.

2. Coza as alheiras em água a ferver por cerca de 4 minutos. Retire-as da água, corte-lhes a pele e retire o recheio para uma taça. Reserve.

3. Descasque e corte as maçãs aos cubos para um tacho com um pouco de água. Junte a canela e deixe cozinhar em lume médio até as maçãs estarem macias.

4. Enquanto isso, numa frigideira, salteie o alho no azeite. Adicione os grelos e deixe cozinhar por cerca de 10 minutos em lume brando. Tempere com sal e pimenta a gosto. Reserve.

5. Desenrole a massa folhada e com a ajuda de um rolo da massa estique-a ligeiramente até que tenha um formato rectangular. Coloque-a num tabuleiro de forno forrado com papel vegetal.

6. Ponha no centro da massa uma camada de maçã, outra de grelos e outra de alheira.

7. Com a ajuda de uma faca, corte as laterais da massa em tiras e entrance-as uma a uma.

8. Pincele a massa com o ovo batido, polvilhe com as sementes de papoila e leve ao forno cerca de 12 minutos. (Deixei 25 min)

Acompanhei com salada!

Até ao próximo post!

Baú Aberto 24 – Felicidade

Eu amo ser mãe. Eu vibro muito com cada conquista dos filhos.

Ainda quando eram bebés usei minha formação para que desenvolvessem o gosto pela matemática e xadrez. Cresceram, e outros gostos foram apresentados sem imposição, a literatura, a ciência e a filosofia.

Livros que utilizei

Foram à vários torneios de xadrez em Portugal, Espanha, Bélgica e até um no Brasil. Foram estimulados a participarem de Olimpíadas e a fazerem trabalho voluntário com estrangeiros como eles.

A cada ano conquistas surgiam, desafios eram vencidos. 

Este ano, em especial, várias vitórias  foram alcançadas pelo meu filho mais velho, que no primeiro dia de Outono fará 18 anos. Raphael que já participou aqui no blog com “guest post” (aqui) ou (aqui) foi 4° lugar na Olimpíada Nacional de Geografia da Bélgica, classificação que garantiu participação para a Olimpíada Internacional de Geografia na Turquia, mas que, infelizmente, não aconteceu devido a pandemia. Mesmo assim, participou na Europeia de Geografia, e classificou-se em 3° lugar empatado com outros.

Ontem, a minha alegria transbordou. Senti a felicidade em sua plenitude e gritei muito, saltei muito, dancei muito por ele e com ele.

Com seis anos a viver na Bélgica, o nosso luso-brasileiro Raphael foi aprovado para Medicina neste país, e com um bravo resultado. Acertou todas as questões de Matemática e Biologia, errou uma em física e outra em química. No conjunto de 3 outras disciplinas cujo objetivo é revelar aptidão para o estudo da Medicina, seu desempenho foi também quase perfeito.

Aqui na Bélgica apenas Medicina e Medicina Dentária realizam exames seletivos que duram uma manhã e tarde de um dia.

Aos 10 anos, e durante uma avaliação de língua portuguesa no 5° ano, em Portugal, ele escreveu o sonho que começou a se tornar realidade no dia 4 de Setembro de 2020.

 

O sonho de ser médico

A minha fada-madrinha
parece-se mesmo com uma rainha
tem um ar calmo
e mede quase um palmo
cabelos cor de erva
e seu nome é Nerva.
Um dia fui passear
encontrei-a a cantar
perguntei: “Como faço para ser cardio-cirurgião?”
Ela respondeu: “Tens de estudar nas férias de verão.”
Escreveu várias listas
que eram as minhas pistas:
“Tens muito que estudar 
para o desejo se concretizar 
não penses no dinheiro que vais ganhar
mas sim nas famílias alegrar 
vais continuar 
sempre a te esforçar 
doenças para curar
e soluções para as doenças inventar
não penses na fama
que arde como uma chama.
Agora é só estudar
para um belo futuro encontrar.

Raphael, Portugal 2012

Até ao próximo post!

O país das casas feias

Gosto não se discute, mas a Bélgica leva uma fama do país europeu com as casas de arquitetura mais feia, ou se preferir, de gosto duvidoso. Essa fama é logo observada ao atravessar a fronteira quando se revela uma confusão de casas diferentes, portas e janelas diversas, revestimentos de duvidosa combinação, enfim um pouco de tudo.

fig 1 imagem Google: Ugly Belgian Houses

A situação gerou um livro sob o título “Ugly Belgian Houses”, que não foi bem recebido pelos arquitetos belgas. Alguns moradores ficaram irritados e contrataram advogados.  O seu criador já teve mesmo que suspender temporariamente a conta no Instagram.

fig 2 imagem Google: Ugly Belgian Houses

Hannes Coudenys, autor do projeto, livro e documentário, diz que costuma procurar pessoalmente de carro, mas também recebe dicas de pessoas. Quando as fotos que recebe são ruins, então ele vai até a casa para tirar uma foto melhor.

fig 3 imagem Google: Ugly Belgian Houses
fig 4 imagem Google: Ugly Belgian Houses
fig 5 imagem Google: Ugly Belgian Houses

Na rua que vivo há 4 candidatas ao livro, mas não vou correr o risco de publicá-las. 🙂 E vocês, o que acharam dessas casas ? Segue um vídeo que não é do autor do projeto com mais casas belgas.

Até ao próximo post!