Clarice Lispector LIV

Trechos das crônicas escritas pela escritora brasileira Clarice Lispector para o Jornal do Brasil, que são como ‘dicas’ para a conhecer.

Bichos

Às vezes me arrepio toda ao entrar em contato físico com bichos ou com a simples visão deles. Pareço ter certo medo e horror daquele ser vivo que não é humano e que tem os nossos mesmos instintos, embora mais livres e mais indomáveis. Um animal jamais substitui uma coisa por outra, jamais sublima como nós somos forçados a fazer. E move-se, essa coisa viva! Move-se independente, por força mesmo dessa coisa sem nome que é a Vida.”

Ao correr da máquina 

Meu Deus, como o amor impede a morte! Não sei o que estou querendo dizer com isso: confio na minha incompreensão, que tem me dado vida instintiva e intuitiva, enquanto que a chamada compreensão é tão limitada. Perdi amigos. Não entendo a morte. Mas não tenho medo de morrer. Vai ser um descanso: um berço enfim. Não a apressarei, viverei até a última gota de fel.

Preguiça 

Num dia de chuva dá muita preguiça. Quase não posso escrever.. Num dia de chuva dá muita preguiça. Quase não posso escrever.”
“Tenho vergonha de ser escritora – não dá pé. Parece demais com coisa mental e não intuitiva.”

O cetro

Mas se nós, que somos os reis da natureza, havemos de ter medo, quem há de não tê-lo?

Agradeço a sua leitura e até ao próximo post!

Passeando em Bruxelas

Confesso que não gosto muito de ir a Bruxelas. Motivos? Maior concentração de pessoas nas ruas, outro idioma dentro do mesmo país,… No entanto, confesso que apresentar Bruxelas a quem não a conhece faz-me ter atenção a detalhes que eu não tinha notado em outras idas, e esqueço que não gosto de ir.

Foi assim que cheguei a esse teto com pinturas dos Smurfs. Criação do belga Peyo, as criaturas azuis trazem alegria ao sair da estação Bruxelas Central para ir à Grand place.

Bruxelas permite interessantes ângulos para fotografia.

O menino pequenino conhecido como Manneken Pis (pis=xixi) continua com sua gracinha. E ainda não foi desta vez que o vi vestido.

No outro extremo está a menina pequenina Jeanneke Pis que recebe moedas que irão no fim do dia contribuir para pesquisas médicas no país.

Saindo da Grand Place pela Rue Charles Buls, encontra-se outra lenda da cidade, a estátua de bronze de Everard t’Serclaes que dizem que se tocá-la trará sorte no amor,  a fortuna ou na fertilidade. Ele liderou a resistência contra a invasão flamenga à cidade. Devido a pandemia a estátua estava isolada para evitar que as pessoas esfreguem suas mãos na estátua.

Caminhando pelas ruas do centro turístico de Bruxelas mais cenas engraçadas são avistadas o Tintim, a gata na bicicleta, os deliciosos waffles que resolveram mudar de forma em uma das lojas próximas ao Manneken Pis.

O dia revelou-se um belo dia ensolarado, mas por vezes nublado, chuvoso e até granizo tivemos. Um típico dia de Abril com todos os seus ingredientes. Ainda visitamos a loja do Harry Potter, passeamos por dentro de uma livraria, e claro, o meu momento de gastronomia. Não escolhi nada típico do país, nem mesmo a cerveja. Estava com saudades de saborear um ramen, e este estava lindo e saboroso.

Espero que tenham gostado de passear comigo, e até ao próximo post!

A biblioteca da meia-noite, o livro

Não me recordo de como cheguei ao livro A biblioteca da meia-noite (The midnight library) de Matt Haig, mas recordo que as palavras que compõem o seu título tiveram um grande poder de atração.

O livro começa com uma citação de Sylvia Plath que diz tudo sobre o que a leitura irá revelar. Um livro que eu não queria que terminasse, um livro com sabor de um bom vinho. Eu achei o livro fantástico.

Não posso ser todas as pessoas que quero e viver todas as vidas que quero. Não posso desenvolver em mim todas as aptidões que quero. E por que eu quero? Quero viver e sentir as nuances, os tons e as variações das experiências físicas e mentais possíveis de minha existência.” Sylvia Plath

A personagem principal é Nora. Ela vive o que muitos de nós vivemos, os arrependimentos. Nora sentia-se como um buraco negro, uma estrela moribunda, colapsando sobre si mesma, apesar de ser admiradora do filósofo Henry David Thoreau, ela dizia que nada nunca acontecia e esse era o problema. E ela pensa que a morte é o remédio. É quando surge a Biblioteca da Meia-Noite que dá título ao livro. A biblioteca é o intervalo entre a vida e a morte, e onde ela é a fonte de seus problemas, mas também a solução, “o livro dos arrependimentos”.

E a meia-noite é quando toda vida nova é oferecida, onde você pode escolher as opções, mas não as consequências. E a única maneira de aprender é vivendo, e não esquecer que somos como a semente de uma árvore. A árvore é a nossa vida. Esta árvore produz ramos, que por sua vez produzirão outros ramos a cada momento. E se você ficar procurando pelo sentido da vida, então não irá vivê-la.

Nora, em uma de suas vidas, conclui que “a gente passa tanto tempo desejando que a vida fosse diferente, se comparando com outras pessoas e com outras versões de nós mesmos, quando, na verdade, a maioria das vidas contém um certo grau de coisas boas e um certo grau de coisas ruins.”

É fácil lamentar as vidas que não estamos vivendo, porque não exige esforço. E o arrependimento é o que nos faz encolher.

Foram três palavras com potencial que Nora aprendeu: EU ESTOU VIVA.

Para mim: UM LIVRO PARA SEMPRE.

Até ao próximo post!

Decisões

Abril chegou com muito frio e neve na Bélgica. Aliás, Abril é conhecido, por estas bandas, por trazer em um mesmo dia um pouco de tudo que um clima reserva. Também em Abril, estou lendo um livro maravilhoso, e espero, em breve, escrever sobre essa leitura. Para já trago a fala de um dos personagens, e em seguida o vídeo da música Everything da cantora canadense Alanis Mororissette.

Cada vida contém muitos milhões de decisões. Algumas grandes, algumas pequenas. Mas cada vez que uma decisão é tomada em detrimento de outra, os resultados são diferentes. Ocorre uma variação irreversível, o que, por sua vez, leva a outras variações…

(A biblioteca da meia-noite, Matt Haig, pág. 270, versão epub) 

Agradeço a leitura e até ao próximo post.