Contato com Eros

As esculturas despertam-me a curiosidade sobre o motivo de sua inspiração para o escultor. Elas despertam também em mim o meu lado infantil, revelado em algumas fotos. 

Certo dia, quando eu estava no campus da Universidade Livre de Bruxelas (VUB), avistei a base de uma escultura de longe. Assim que a atividade terminou, não pude deixar de ir até essa escultura que, de alguma forma, me atraía

Próxima à sua base há uma explicação que diz que quem a tocá-la receberá energia positiva. Espontaneamente, pensei logo em não apenas tocá-la, mas sentar sobre sua base, assim o campo para receber essa energia positiva seria maior. 🙂

Quando cheguei em casa, ainda pensava na escultura. Pesquisei e descobri que o campus da universidade tem outras interessantes esculturas ligadas de alguma forma ao mundo do conhecimento científico.

Essa escultura específica é do artista belga Johan Tahon e chama-se Eros/Eroos. Ele afirma que é um lugar onde podem surgir novas amizades e até novos amores. A criatura mítica espalha energia positiva para todos que a vêem ou tocam. Descobri que suas inspirações em criaturas andróginas refletem o drama da humanidade moderna, a busca por desejos insaciáveis ​​que levam à frustração e à desilusão. Essa figura bizarra levou 5 anos para ser criada.
Quanto a mim, espero que o campo de contato tenha sido suficiente para uma boa carga positiva.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post! 😉

De Bike: Bélgica -> Holanda

Hoje trago um passeio de verão: de bicicleta da Bélgica até a Holanda. De Sint-Niklaas (BEL) à Hulst (HOL).
Algumas pessoas fazem turismo de bicicleta em longos percursos. Existem até hotéis específicos para isso. Antes eu não compreendia essa forma de turismo. Eu achava mesmo uma “loucura”. Depois dessa curta aventura os entendo. E imagino que sejam aventureiros que dominem toda a mecânica de uma bicicleta.

Bem, eu moro próximo da fronteira com a Holanda, e isso já facilita. Depois há uma trilha muito bem conservada, segura, e agradável. Deixando-nos estar sempre em contato com a natureza. Deu até para lembrar do Cristo Redentor (BRA) e do Cristo Rei (POR).

No caminho havia uma homenagem a uma antiga estação de trem. Ao lado estava um café repleto de vários ciclistas amadores. E do outro lado uma antiga máquina de fazer klomp, aqueles conhecidos “tamancos” holandeses.

Chegamos no exato ponto da antiga douane.  Do lado esquerdo há uma curta trilha em terra que nos relembra os horrores da Guerra. A fronteira entre a Bélgica e a Holanda neutra foi fechada com uma barreira de fio elétrico (Dodendraad).  A alta tensão no fio tornou a barreira uma ameaça à vida. O arame da morte. Os ocupantes alemães queriam usar a barreira fronteiriça para impedir que voluntários de guerra passassem mensagens de espionagem ou contrabandistas atravessassem a fronteira.  Mas os contrabandistas foram inventivos e encontraram maneiras de superar a barreira.  É claro que um acidente nunca estava longe e houve várias vítimas. O fio foi colocado no verão de 1915. Em 2015, uma seção do fio mortal foi reconstruída na fronteira.

O marco fronteiriço n° 277 está bem próximo. Existem 369 no total. De cada lado há o brasão da Bélgica e da Holanda

Primeiras cenas de Hulst, na Holanda. É uma pequena cidade, mas agradável para um curto passeio. 

O percurso de bicicleta tinha sido fácil, então decidimos ir mais longe até ao rio em que navios cargueiros de todo o mundo navegam até ao porto de Antuérpia. Esse percurso adicional era equivalente em distância. No ponto da foto abaixo havia uma lixeira para os ciclistas lançarem suas latas (ver filme).

Próximo das escadarias do dique está o monumento Watersnoodmonument em homenagem a nove vítimas mortais de uma tempestade naquele ponto.

Subir a escadaria e observar os grandes navios passarem, depois pedalar até a um pequeno espaço de recreação, e ao longe a usina nuclear.


Um agradável passeio merecia um filme. Segue…

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Diest, Bélgica

Certamente, poucos ouviram falar desta cidade belga, Diest. Eu mesma tinha dificuldade em até mesmo lembrar o nome da cidade, era preciso associar a outra palavra em holandês, dienst (serviço). Porém, foi mais uma agradável descoberta.
Deixar a estação de trem em direção ao centro, e encontrar em sua entrada um monumento à resistência em memória a todos que viveram o horror da Segunda Guerra Mundial e, em particular, a um exército secreto cujo abrigo era nesta cidade. Todas as peças que compõem esse memorial tem um significado. Essa memória é algo muito importante no país.

Avançando, e descobrindo tudo o que Diest tem para mostrar: seus telhados, seus prédios, suas igrejas, seus canais, suas ruas.

Os belgas têm orgulho de suas cervejas, e em Diest isso é muito evidente.

Neste dia haviam estandartes decorando uma das ruas. Não sei o motivo ou significado, mas eu gostei da representação de algumas.

Também não foram esquecidos pela cidade, os que viveram os horrores da Primeira Guerra.

Encontrei as ruínas de uma igreja que se deixou ser abraçada pela natureza. O verde e a cor de tijolo tendo como testemunha o azul do céu.

Próximo a uma grande área de lazer estava um conservado moinho.

No “cinturão” da cidade ainda é possível atravessar uma antigo porta da cidade. Foi a mais bonita porta que conheci.

Finalmente, uma atração da cidade, Het Begijnhof Diest. A de Diest foi fundada em 1253. A maioria de sua estrutura são dos séculos XVII e XVIII. Lá viviam as beguinas que eram mulheres solteiras que surgiram em toda a Europa Ocidental por volta do final do século XI, influenciadas por uma combinação de factores económicos, sociais, religiosos e políticos.

Para terminar este passeio por Diest, trago o vídeo que fiz. É quando as fotos ganham vida.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post.

Diz NÃO

Hoje, 25 de Novembro, é o dia internacional para eliminação da violência contra as mulheres. E 10 de Dezembro é o dia internacional dos direitos humanos. 
Durante esse período, os edifícios públicos ficarão laranja em muitas cidades da Bélgica. Ontem, foi possível ver estudantes trajando alguma peça na cor laranja.
Em Sint-Niklaas, muitas esculturas receberam um laço ou capa em laranja.
Diz NÃO à violência contra as mulheres.

Agradeço sua leitura e até ao próximo posti

Ganhei o dia

Já são semanas de chuvas ou dias bem nublados. A escuridão está chegando ao máximo. 16 hs já é o início da noite. O frio já se faz presente. Hoje (Sábado) aproveitei um momento de trégua da chuva e voltei ao meu lugar preferido na cidade (ver post anterior). Fui devolver um livro e alugar outro. 

Ao estacionar a minha bicicleta vi muitas outras. Pensei que há esperança ainda neste mundo. Afinal, há quem não desperdice todo o seu tempo a dormir, ou nos apelos da Black Friday das lojas. 

Lá dentro avistei uma mesa só com livros de ciência. 26 de Novembro é o dia da ciência.

Numa das mesas organizei um encontro da língua portuguesa. Eu sei que alguns vão torcer os lábios. Paulo Coelho!? Não me importa! Tenho orgulho de ser falante desta bela língua. Os livros estão gastos. Bom sinal! Tenho curiosidade sobre como se define a capa para cada tradução.

Bem, preciso ir. Caminho até aos computadores para registrar o meu aluguel gratuito de um mês. Encontro uma fila que tenho toda paciência em esperar apesar da chuva que parece muito em breve retornar. Ganhei o dia!

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

As Festas da Paz, Sint-Niklaas

No post anterior  escrevi sobre o meu lugar favorito na cidade que vivo. Hoje escrevo sobre a festa popular que mais gosto na cidade.
É assim todos os anos desde 1948, no primeiro fim de semana de Setembro, que Sint-Niklaas comemora o fim da Segunda Guerra Mundial com as Festas da Paz (Vredefeesten).

Os monumentos comemorativos recebem homenagens.

Uma corrida com atletas anônimos de todas as idades percorrem a cidade.

Festival de música.

Animação nas ruas.

No sábado à noite acontecem os fogos de artifícios.

Tudo isso acontece em sua praça principal (Grote Markt) e ruas adjacentes.

E muitos balões de ar quente.

Este ano, um detalhe em particular chamou-me a atenção. Nos altifalantes tocava uma música que me parecia familiar. Graças ao Google descobri que a música chama-se Eén Kopje Koffie (de 1987), uma xícara de café. É a segunda música de maior sucesso da banda holandesa VOF de Kunst. Ê uma canção irônica sobre o café como uma droga (“a coisa pura, sem açúcar”), um vício puro. Agora ouçam a música no vídeo abaixo. Ela não é algo familiar? ;)))

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

O meu lugar preferido

O passeio hoje é sobre o meu lugar preferido na cidade que vivo, a biblioteca. Claro, depois da minha casa. 🙂
Quando eu era criança alimentava o sonho de viver ao lado de uma biblioteca. Ao longo da minha vida, morei em 6 cidades pelo mundo. Atualmente, estou na sexta cidade e a 17 min à pé da biblioteca, o mais próximo que vivi de uma biblioteca. Ao longo da vida, frequentei uma dezena de bibliotecas. Amei-as todas. A primeira foi a biblioteca na primeira casa da minha vida. Havia uma sala da casa que era chamada a biblioteca. Havia meia dúzia de estantes, uma escrivaninha, uma máquina de datilografar e havia também uma rede. 
A atual biblioteca da minha vida é esta que vos apresento:

De lado ou de frente há bastante espaço para estacionar bicicletas. Ainda no exterior há bancos para se sentar na companhia de árvores. Há também um tabuleiro de xadrez que reúne praticantes em alguns domingos do mês. Sim, ela está aberta aos sábados e domingos de manhã, e está fechada às segundas-feiras.

São 3 andares cativantes. À entrada há vários cartazes e informativos, logo em seguida o local onde alugamos os livros. E uma estante com as novidades que acabaram de chegar. As crianças têm um alegre espaço.

As crianças têm um alegre espaço.

Para os mais crescidos há um labirinto de estantes.

Em cada “rua” há uma coluna com várias revistas.

No segundo andar com ampla vista para o exterior estão cacifos e um café.

No último andar há salões para reunião, apresentação, feira de livros, workshops. A agenda é movimentada e enviada aos seus frequentadores por e-mail. 
Do outro lado do mesmo andar estão várias mesas com histórias em quadrinho.

E são várias estantes com cd’s. Debussy olhava para mim.

Há também estantes com vários jogos de tabuleiro e jogos ps4/5.

Ainda à entrada da biblioteca está um espaço para exposição. Neste dia estava a exposição sobre a escritora da região, Kristien De Wolf. Fotos de sua infância, e de outras fases de sua vida, objetos pessoais, os primeiros escritos e seus livros.

Esta biblioteca foi eleita em 2017 a melhor biblioteca da região flamenga belga e incluindo Bruxelas. Há funcionalidades e voluntários sempre disponíveis a ajudar.
No YouTube é possível encontrar alguns filmes sobre a biblioteca. Escolhi trazer ao post dois filmes. Ler faz sonhar (pt) é o primeiro. O segundo filme também é uma apresentação do espaço com uma jovem pedalando sua bicicleta dentro do espaço.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Antuérpia, detalhes e ângulos

Antuérpia é outra cidade belga com muitos detalhes e ângulos a serem descobertos.  
Começo por sua belíssima estação central de trens que bem poderia ser chamada de catedral. A sua incontestável beleza está ligada a um triste capítulo histórico do país. Sua construção a pedido do rei Leopoldo II, um rei que envergonha a história do país, foi executada com dinheiro da extração de borracha no Congo.

Saímos da estação, não é preciso caminhar muito e vamos descobrindo que a cidade do diamante é também uma galeria de arte a céu aberto. Não passa despercebido um belo exemplar de Art Déco.

Andar sem direção, ou melhor, sem seguir um guia, faz-nos sempre descobrir algo mais. Olha-se ao lado, um beco com um prédio ao fundo com indicação do ano 1872. Eu não conhecia, mas é o antigo prédio da bolsa de valores. Entrei e fiquei encantada com tamanha beleza. As paredes por todo o corredor estão decoradas com mapas artísticos.

Seguindo caminho em busca do centro histórico encontro um prazeroso pátio que deve ficar agitado nas noites de Verão.

A religiosidade dos flamengos também dá o seu espetáculo à parte. Basta olhar para cima, nas quinas das ruas. 

Ou à entrada de um beco.

Ou ainda neste belo exemplar de arquitetura e arte barroca, séc. XVII, Sint-Carolus Barromeuskerk, olhando para qualquer de suas fachadas.

A catedral de Antuérpia mesmo não tendo suas torres concluídas esbanja sua beleza gótica.

No encontro da rua Wijngaard com a Leeuw Van Vlaanderen está outro exemplo de arte e engenharia que não escapou da minha admiração. 

O Grote Markt, a praça central da cidade, é onde está o belo prédio da prefeitura. Desta vez, o meu olhar estacionou sobre esse conjunto de prédios que estão em um dos lados da praça. Belo! Belo!

O passeio termina no Het Steen, uma fortaleza medieval, que fica à beira rio, transformada em museu. A escultura à entrada representa uma lenda da cidade sobre dois gigantes que viviam na fortaleza. Este é um deles, o Lange Wapper.

Em Antuérpia há restaurantes de variadas culturas. Optei por reviver um bom momento em Edimburgo, assim fui de Ramen no Wagamama de Antuérpia. Foi melhor do que Bruxelas, mas Edimburgo ainda foi melhor.

A sobremesa foi um interessante Cinnamon rolls vegan à moda belga, ou seja, com um topping de Speculaas, no Have a Roll. Escondido num canto, mas logo se encontra a fila.  🙂

Para terminar, o filme que fiz…

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Lier, Bélgica – uma pequena pérola

Lier foi uma agradável surpresa. Não se fala na cidade quando o assunto é turismo. O relógio de Zimmer (aqui) parece ser a única atração, engano.

Saindo da estação indo em direção ao centro entramos num agradável parque para caminhar. As placas de sinalização era uma diversão à parte.

No parque encontra-se um monumento em homenagem aos cidadãos da cidade que morreram durante a Segunda Guerra Mundial e aos que se tornaram presos políticos na Alemanha durante a Guerra.

A Begijnhof de Lier tornou-se património da Unesco em 1998. Caminhar entre suas estreitas ruas e pátios é um momento de voltar ao passado e imaginar a vida durante os séculos XVII e XVIII. Naquela época, as casas eram habitadas por mulheres religiosas solteiras que viviam da tecelagem e bordado de rendas, entre outras coisas.

Uma vista para a Igreja de Santa Margarida.

Para mim, os melhores momentos de um passeio é quando se caminha sem uma direção pré determinada.  Estes momentos rendem belas imagens e capta-se o espírito da cidade. Em Lier, o resultado foi assim:

Chegamos à praça central da cidade, Grote Markt, é lá onde tudo acontece, e onde está a prefeitura da cidade. Uma simpática feira estava acontecendo. Antes de espreitar a feira, uma original sinalização de direções chamou a minha atenção.

Esse tipo de feira com artigos antigos é muito comum na Bélgica. São chamadas de Rommel Markt.

Para se despedir de Lier atravessamos esse interessante exemplo de arquitetura, Gevangene Poort (Portão do Prisioneiro). Ele foi erguido em 1375 como parte da muralha defensiva da cidade. Só no século XVI, e até 1930, é que o portão serviu como prisão. Atualmente faz parte de um hotel adjacente.

Espero que tenham gostado de mais um passeio com O Miau do Leão. Segue o filme que fiz nesta simpática cidade.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

O Relógio de Lier, Bélgica

O passeio deste post será em Lier, na Bélgica. 20 min de trem a partir de Antuérpia e chega-se nesta pérola turística do país ainda esquecida do massivo turismo.
A torre de Zimmer, originalmente do século XVIII, era parte integrante do cinturão de defesa. Hoje é a principal atração turística de Lier. E, claro, fez-me recordar o outro relógio mais famoso que está em Praga.

O relógio astronômico de Lier foi construído pelo belga Louis Zimmer possui 11 mostradores e 2 esferas. As fases da lua, um relógio de Sol, o ciclo de Meton, o zodíaco, os anos bissextos, os dias da semana representados pelas divindades greco-romanas, o calendário gregoriano, as datas do mês, as estações do ano, as marés do rio Nèthe que banha a cidade, as horas em algarismos romanos,… Tudo isso é um exemplo do que pode ser observado na torre de Zimmer.

Na outra fachada da Torre estão 4 personagens com braços articulados. Do lado esquerdo está Bertha, do romance Ernest Staas de Anton Betgmann, e o jovem estudante que é o próprio Anton Bergmann. Do lado direito está o ferreiro artístico Lodewijk Van Boeckel e o Monsieur Pirroen, personagem dos romances de Felix Timmermans. Os três primeiros personagens tocam sininhos a cada 15 min e o mais à direita toca a cada hora.
Sobre essa preciosa relação entre a literatura e contar o tempo, fiquei a saber que representam as diferentes idades da vida.

Lier é uma cidade em que facilmente se caminha por suas simpáticas ruas, um pouco sem direção, caminhar por prazer. Esse sentir a cidade fez-me descobrir outro relógio, posicionado discretamente na fachada de uma construção marcam as horas com seus números romanos em dourado.

Lier não é só relógios. Sobre mais da cidade deixarei para um próximo post. Espero por vocês!
Agradeço sua leitura e até ao próximo post!