Os gatos de Istambul

É verdade que devido a alguns traumas com animais, nunca tive muita aproximação com eles, até mesmo gatos, mas é impossível ir à Istambul e não admirá-los. Eles estão por todos os lados, à solta, ao contrário do que acontece na Bélgica. Em Burgazada, ilha próxima de Istambul, um gato caiu sobre minhas coxas, enquanto eu tentava cochilar num banco de praça. Eu tomei um bom susto, quando senti algo fofo, e ligeiramente morno, despencar sobre mim. Um momento divertido em viagem.

Na Turquia, os gatos são vistos como símbolos de boa sorte, prosperidade e limpeza. Uma das razões pelas quais os gatos ocupam um lugar especial na cultura turca é que eles eram considerados sagrados nos tempos antigos e eram associados à deusa Ártemis, que era associada à lua, à caça e à virgindade.

A ascensão dos gatos em Istambul remonta aos povos que colonizaram a cidade, os otomanos. Os poderosos otomanos adoravam os gatos com base na sua limpeza e na sua capacidade de caçar. Como resultado de sua longa história com gatos, os felinos se tornaram uma parte essencial da cultura turca e da cidade de Istambul.

Há até mesmo placa de trânsito para eles “kedi çikabilir”, algo como “gato pode sair”. E também há abrigos nas ruas para estes felinos.

Não apenas encontrei gatos soltos, outros animais na Turquia parecem se sentir à vontade. Assim foi um cão em Istambul e algumas galinhas estilosas em Burgazada

Agradeço sua leitura e até ao próximo post! 😉

Um pouco de cultura neerlandesa a caminho dos moinhos

Uma ida para conhecer o encantador Kinderdijk acaba-se por também mergulhar em um pouco mais da cultura holandesa.
Enquanto estive na área do Kinderdijk passaram por mim várias bicicletas. Os holandeses, assim como os belgas, têm o gosto por pedalar. Essa bicicleta com publicidade de um famoso ketchup conquistou-me. Paixão à primeira vista registrada em foto. No momento, lembrei de minha Caloi vermelha que citei em um dos posts 6 on 6.

Caminhar pelas ruas de Alblasserdam, cidade que abriga o Kinderdijk, renderam olhares para os mais diferentes klompen, os famosos tamancos em madeira tipicamente holandeses. Eram calçados, em madeira, ideais para os terrenos lamacentos quando o couro era um produto inacessível para agricultores ainda na Idade Média.

Mais uma vez, tanto nos Países Baixos como na Bélgica, há uma certa tradição de no local onde está o número da casa também há o primeiro nome de todos que vivem na casa. Algumas vezes está apenas o nome da família, ou ainda, o nome de família de cada membro do casal. Particularmente, agrada-me, pois dá-me uma sensação de sólido, de para sempre. Infelizmente, algumas vezes o para sempre, sempre acaba.

Ainda a caminho do Kinderdijk ouvi a música que representará os Países Baixos no Eurovision 2024. E foi mais um momento de conhecer algo mais sobre a cultura deste país. A música tem o ritmo Hakken, que significa calcanhares, ou saltos altos, ou ainda o verbo cortar. É um ritmo criado pelo DJ Darkraver de Haia, uma forma de rave dance ligada a uma sub cultura, os gabbers, nos anos 90. Haja energia e bons tamancos!

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Os moinhos Kinderdijk, Holanda

Há muito eu desejava conhecer esse conjunto de moinhos. Sempre no intervalo de um jornal televisivo local passa uma imagem destes moinhos, e eu sempre dizia que um dia gostaria de ir lá. Finalmente, chegou o dia. E chegou por acaso, sem ser planejado. Após semanas entre dias nublados ou chuvosos, o Sol sugiu, e a regra é não ficar em casa.

Não se sabe ao certo de onde vem o nome Kinderdijk. São 19 moinhos que estão nomeados como Património Mundial da UNESCO desde 1997. Um local onde ainda pode se ver toda a tecnologia de gestão da água da Idade Média. Há caminhos à pé ou para bicicleta. Também é possível fazer passeio de barco. Alguns aproveitam um belo dia para pescar.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Um pedido especial (A special request)

O meu filho Miguel fez um curta metragem como trabalho escolar da disciplina de holandês. O curta metragem é sobre o livro Trem Noturno para Lisboa, de Pascal Mercier. O filme está em competição. Então, eu gostaria que o querido leitor deste blog o assistisse e se gostares dá “gosto” no YouTuBe. Obrigada!

My son Miguel made a short film as a school project for his Dutch subject. The short film is about the book Night train to Lisbon, by Pascal Mercier. The film is in competition. So, I would like the dear reader of this blog to watch it and if you like it, give it a “like” on YouTube. Thanks!

Até ao próximo post!
P.S: Miguel é o que tem barba e óculos. 🙂 Miguel is the one with the beard an glasses. 🙂

A vida que há nos azulejos, Lisboa

Os azulejos fazem parte da identidade cultural de Portugal, mas eu iria além desta frase, e diria que é uma arte que dá inspiração, talvez capaz de curar a tristeza, de iluminar dias cinzentos como os da Bélgica, e até refletir.

O azulejo foi empregado ainda no tempo do antigo Egito e Mesopotâmia. Propagou-se na Península Ibérica através de artesãos muçulmanos. E, hoje, podemos encontrá-los em todos os países lusófonos, sem dúvida uma herança artística. Eu o encontrei também dentro de uma lavandaria lisboeta. Passava pela calçada, e a primeira vista pensava se tratar de uma pintura na parede ou um papel de parede, resolvi recuar e entrar para conferir. O resultado foi esta foto que não fez jus à sua beleza, eu sei. O espaço para foto não era adequado e haviam clientes à espera que eu despachasse com a foto. (risos)

Os casarios de Lisboa que por si só são admiráveis, então com os azulejos dão um toque de alegria. Nas paredes parecem mandalas, perfeições geométricas, alguns coloridos em harmonia para dar charme a uma fachada.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

6 on 6: Escrito por uma dama

Passou o longo janeiro e os meses seguintes passam num piscar de olhos. Chegou março, dia 6 é dia do projeto fotográfico 6 on 6. Dia 8 é dia internacional da mulher. Assim o tema deste mês é Escrito por uma Dama.
Muitas outras damas no passado lutaram para serem reconhecidas como escritoras numa sociedade patriarcal em que a atividade intelectual era permitida apenas aos homens. Seguem as 6 damas que li e escolhi para homenageá-las.

Agatha Christie – Um gato entre os pombos
Uma dama inglesa. Foi o segundo livro que li escrito por uma dama. E o nono livro que li em minha vida. Sim, eu tenho uma lista dos livro que li. (risos) Eu era uma pré-adolescente e lembro que devorei este livro em um ou dois dias das férias. Fiquei fascinada! Daí para frente ler tornou-se um mundo prazeroso. O livro já não o tenho. Há tantas capas em português deste livro.  O jeito foi tirar uma foto de um celular com a capa do que li.

O Enigma dos Manuscritos do Mar Morto – Eliette Abécassis
Uma dama francesa. Primeiro romance da professora de filosofia. Recordo que havia muita informação teológica sobre misticismo cristão e judeu, um thriller. Um livro de uma época da minha vida que eu lia sobre diversas religiões de um ponto de vista histórico. Passou.

Como Estudar com Sucesso – Michèle Brown
Uma dama americana. Um  livro que me ajudou a organizar os estudos, e que indiquei aos meus filhos. Atualmente, estou sempre em busca de uma dama que escreva sobre métodos de aprendizagem de um idioma. 

Boca do inferno – Ana Miranda
Uma dama brasileira. Nascida em Fortaleza, cresceu em Brasília, morou no Rio de Janeiro e vive em São Paulo, escreveu esse romance histórico que se passa no período colonial brasileiro. Prêmio Jabuti de revelação em 1990. Sou sincera, não me recordo da história. Preciso reler. (risos)

Arqueologias culinárias da Índia – Fernanda de Camargo-Moro
Uma dama brasileira. Um livro comprado em uma das idas ao Brasil porque eu gosto de cozinhar e de apreciar outras culinárias. A escritora é historiadora e museóloga. Nascida no Rio de Janeiro apresenta uma paixão  pela cozinha indiana. Após visitas à Índia, ela colecionou receitas de vários pontos do país enquanto frequentava celebrações. Ao ler este livro fiz uma viagem por uma Índia que  desconhecia, por sabores que vão além do curry. 

A elegância de um ouriço – Muriel Barbery
Uma dama francesa que me levou ao máximo da emoção em 2022. Identifiquei-me com a personagem portuguesa e a cena de sua morte foi tão bem escrita que eu vivi o momento como se eu tivesse sido transportada para o corpo daquela personagem. Chorei compulsivamente. Inesquecível. Uma prenda em forma de indicação da querida dama escritora Lunna Guedes. Agradeço para sempre. Lido através do celular.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Participam deste ptojeto: Claudia Leonardi – Lunna Guedes – Mariana Gouveia – Obdulio Ortega – Roseli Pedroso

De volta à França, Arras

Saudades de ir à França, então chegou a vez de dar um passeio comigo no Norte da França. Com exceção de Lille, é uma região pouco mencionada para o turismo, é conhecida como a região dos “caipiras” (ch’ti) franceses com seu típico sotaque, bem como por seu mau tempo.
As chuvas deram uma pausa nesse cantinho da França, e foi possível andar pelas ruas da simpática Arras.

A primeira impressão que tive ao observar o casario foi de estar no cenário de tantos filmes sobre a Segunda Grande Guerra. Isso não é confortável.

Não há como visitar cidades da região sem tocar no tema das Grandes Guerras. Cada passo nesta região é um incentivo para aprender sobre o que aconteceu naqueles períodos. Em outro post do blog escrevi sobre tomar conhecimento real da existência de cemitérios português, e indiano. Em Arras, um passo não programado, fora de uma rota turística, fez-me conhecer esta placa de agradecimento aos trabalhadores chineses que estavam a serviço da Chinese Labour Corps. Recrutados pelo governo britânico na Primeira Guerra Mundial ajudaram as tropas aliadas durante e depois da Guerra. Foram mais de 2500 chineses mortos, mas estima-se que esse número seja muito maior.

Passos em frente e avista-se a imponente catedral de Arras (Cathédrale Notre-Dame de l’Assomption et Saint Vaast d’Arras). A original foi construída entre 1030 e 1396, em estilo gótico, mas destruída na Revolução Francesa. Em 1750 foi reconstruída em estilo Neoclássico. Depois foi fortemente danificada por bombardeios em 1917 durante a Primeira Guerra.

A arquitetura de Arras é por si só uma atração como o pórtico de entrada do novo polo cultural Saint-Vaast, ou ainda, o pórtico de entrada do Hôtel de Guînes, um local de exposições.

A ideia é continuar seguindo em direção à Praça dos Heróis (Place des Héros). Quando se avista a sua bela torre, o gps deixa de ser necessário, basta seguir o olhar sobre ela.

E aqui está uma das praças mais bonitas que já conheci. O estilo flamengo na arquitetura e o som da língua francesa que entra sem pedir permissão aos meus ouvidos é uma combinação perfeita para o significado de beleza. Valia a pena esperar para vê-la à noite.

Antes da noite fria chegar a ordem era seguir até a outra praça da cidade, a Grande Praça (Grand Place). No caminho até lá está a Igreja de São João Batista (Église Saint Jean-Baptiste), de estilo gótico, construída em 1920, onde havia uma igreja do século XVI destruída durante a Primeira Guerra Mundial. A construção destruída tinha também um grande valor histórico, pois foi a única de Arras que não foi vendida ou arrasada durante a Revolução Francesa, por isso conhecida como o Templo da Razão. Quanto a atual, sabia-se que lá está uma obra do pintor Rubens. Essa eu tinha que entrar! 

A descida da cruz por Peter Paul Rubens (1577-1640) quando se declarou sob alguma influência dos mestres italianos. Um tema importante para o artista que pintou várias versões. Aqui está a de Arras.

Arras pode se orgulhar de suas duas praças. Aqui estamos na Grande Praça (Grand Place).

Hora de partir, mas uma descoberta na Praça dos Heróis (Place des Héros) foi motivo para ficar um pouco mais, um restaurante do Canadá. Na Bélgica, a hora de jantar é por volta das 17hs, mas na França parece ser mais tarde, por volta das 19hs. Estava frio, uma boa “desculpa” para se beber um chocolate quente enquanto o restaurante não abria. Já dentro do restaurante que estava decorado para o Halloween junto a muitas recordações da província do Quebec, pude apreciar um prato que há muito estava curiosa, Poutine, acompanhado de uma cerveja com xarope de ácer. Um dia perfeito.

Por falar em França, Canadá, francês, Guerra Mundial,…  Vou terminar o post não com o meu habitual filme caseiro sobre a cidade, mas com um sucesso em francês da cantora canadiana-francesa Mylèna Farmer. Ela que é considerada a rainha do pop francês.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!