Já falta pouco menos de 100 dias para as Olimpíadas no Rio, apesar de todas as dificuldades que o Brasil enfrenta. E, agora pergunto-me: … e será que houve algum período sem dificuldade na história do Brasil ? Bem, a festa vai acontecer ! Tanto que desejei viver esta festa no Brasil quando criança, mas era um sonho distante. Afinal, deixou de ser sonho, mas hoje estou tão longe e com uma vida que não me permitirá nem ver a tocha olímpica a passar por minha cidade natal. Vou continuar a ver por uma televisão, mas torcendo como sempre.
Li uma notícia hoje que diz “A 100 dias dos Jogos o mundo se pinta com as cores do Brasil”. 100 e o mundo! O 100 é muito especial em algumas partes do mundo. Aqui, na região flamenga da Bélgica, os estudantes, fantasiados, fazem uma grande festa quando faltam 100 dias para o início das férias, em especial, os que vão seguir para a universidade, ou não.
Mais o que me traz aqui nesse dia 100 é uma crónica do José Saramago, “Só para gente de paz”, do livro A Bagagem do Viajante, que fala dos Jogos Olímpicos. Uma crónica que pareceu ter sido fruto das circunstâncias de quem é cronista de jornal, e então ele opta por falar nas “banais convenções humanas” presentes na história dos Jogos. Daí, surge um texto que é o espelho da ironia com sabedoria do autor. Ler Saramago não é tarefa fácil. Antes, respiro fundo para concentrar-me apenas nas palavras, na escrita. Desprendo-me da pessoa e dos rótulos atribuídos. Assim, consigo apreciar os seus jogos de palavras que combinam em frases de ironia, em tom de provocatória brincadeira.
Finalizando o texto, ele dá uma proposta que diz ser um momento raro de ingenuidade pessoal, mas que não deixo de pensar: “… que nenhum país seja autorizado a participar se diretamente estiver, ou mesmo indiretamente alimentar uma guerra em qualquer parte do mundo.”
Não tenho medalhas para oferecer a você que me acompanha, mas deixo a imagem das minhas tulipas a 100 dias dos Jogos. Viva os Jogos Olímpicos, Rio, Brasil!
Tot ziens! 🙂