Um passeio por Gjirokastër, Albânia

 

Feita a visita ao The Cold War Tunnel seguimos para almoçar e conhecer a cidade que estivemos em duas ocasiões durante esta viagem à Albânia.

Gjirokastër que é patrimônio mundial da humanidade, é uma cidade rica da herança arquitetônica do Império Bizantino.

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Vista sob Gjirokastër

 

Uma cidade que viu nascer pelo menos dois nomes importantes para a história do país: o ditador Enver Hoxha, e o escritor Ismail Kadare, que foi algumas vezes indicado ao Nobel de Literatura, e que hoje vive na França.

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Gjirokastër tem uma cidade nova com um relevo razoavelmente plano, e tem a cidade antiga que foi a área que visitamos. E para visitá-la, esteja disposto a subir e descer ladeiras. Esta cidade que é conhecida como a mais íngreme da Albânia. Em nossas duas oportunidades de visita à cidade estava muito calor, e andamos cada um com uma garrafa de um litro de água, que não foi suficiente para tanto calor e esforço.

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Rua em Gjirokastër

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Detalhe do piso frequente na parte antiga da cidade de Gjirokastër
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Este casarão fica quase em frente a casa que viveu o escritor albanês Ismail Kadare

 

Em nossas andanças pela cidade observamos que as casas possuem telhado em xisto e suas ruas em calcário e xisto. Foi um dia rico em caminhar e descobrir. Conhecemos o exterior de uma igreja e ícones bizantinos como da foto. Uma influência grega. Aliás, muitas informações nas ruas estão em albanês, mas também em grego. A cidade parece conviver em harmonia entre cristãos e muçulmanos.

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Igreja Bizantina

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Fonte próxima a uma antiga mesquita
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Um painel em homenagem as tradições

A cidade é muito procurada pelos turistas por seu tradicional artesanato típico. Alguns produtos dizem ser ainda do tempo da ditadura de Enver Hoxha. Também encontrei produtos exóticos da “famosa” cannabis albanesa. Algumas lojas parece que estacionaram no tempo. (ver filme) Apesar do calor foi muito agradável caminhar pelas ruas de Gjirokastër.

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Um cruzamento de ruas muito famoso

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À venda em Gjirokastër

No dia anterior a esta visita, fui informada que o Globo Repórter (programa da tv brasileira) fez uma reportagem sobre a Albânia. Então, quando eu estava em Gjirokastër reconheci uma das casas símbolo da cidade, como foi dito na reportagem. Eu entrei nesta casa que abriga uma loja de souvenirs e falamos um pouco com a proprietária sobre a reportagem do Globo Repórter. A proprietária disse-nos que a repórter Glória Maria esteve há 2 anos atrás fazendo as filmagens para o Globo Repórter e que ano passado (2018), ela retornou e comprou um brinco nesta mesma loja. A proprietária da loja também disse-me que a telenovela Escrava Isaura foi um enorme sucesso na Albânia. E ela despediu-se de nós dizendo: Obrigado!

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Foi esta casa

Deixo com vocês o vídeo que fiz e o vídeo do Globo Repórter. Vem comigo assistir!

 

Até ao próximo post! 😉

Clarice Lispector XIV

3 crônicas escritas por Clarice Lispector sobre ela mesma:
Antes era perfeito
É preciso parar
Mais do que jogo de palavras

86098.jpgAntes era perfeito
Clarice Lispector disse apenas: “Ter nascido me estragou a saúde.”

É preciso parar
Houve um momento da vida que Clarice Lispector estava ocupadíssima. Tinha saudades dela mesma e tinha medo dela mesma.

Mais do que jogo de palavras
Clarice Lispector gostava de brincar com as palavras de forma que eram mais do que um jogo, era uma maneira de agir como se entendesse a si própria.

Até ao próximo post! 😉

The Cold War Tunnel, Gjirokastër

Após conhecer o “Blue Eye“, seguimos à Sul da Albânia, em direção a Gjirokastër. Uma cidade rica da herança arquitetônica do Império Bizantino.

Neste dia estava um calor quase insuportável, 40°C. Assim, decidimos começar a visita à cidade a partir do túnel da guerra fria. Uma primeira visão da cidade a partir de um ponto mais moderno da cidade.

The Cold War Tunnel é um bunker gigante construído sob o castelo de Gjirokastër e para ser usado pelas autoridades locais durante uma provável invasão em grande escala. Algo que o líder comunista* Enver Hoxha era completamente paranóico.

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Dentro do Bunker, Gjirokastër

Seguimos a visita acompanhados por um guia que explicava tudo em inglês. Ele dizia que o Bunker foi construído em segredo durante a década de 1960 e tem 80 quartos. Sua existência permaneceu desconhecida para os moradores até a década de 1990.

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Um dos quartos com alguma mobília

Em seu interior há algumas máscaras, alguns móveis, um antigo gerador e livros. Há dependências do secretariado comunista, banheiros, cozinha, dormitórios, etc. O ambiente é úmido e sinistro. Infelizmente, não foi permitida filmagens. Durante a visita além de minha família estava um casal espanhol. Éramos 6 mais o guia.  No fim, eu perguntei se o tal Comunismo* tinha sido bom para as pessoas. Ele deu um sorriso constrangido e respondeu-me: “Foi bom para alguns e ruim para outros.”  A visita custou 200 leks por pessoa e durou cerca de 20 min.

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WCś
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Refeitório e cozinha
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Mais um corredor com outra entrada ao túnel
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Gerador
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Máscaras para caso de um ataque

Até ao próximo post! 😉

P.S.: 1€ estava a 119 leks.
* Para mim, o Comunismo nunca foi aplicado realmente no mundo, mas como assim o chamam, então preservei.

 

 

 

Rua Sem Nome, Bélgica

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Por vezes, há coisas na Bélgica difíceis de compreender e que são resolvidas com simplicidade.

A Bélgica está sem governo, novamente, há meses, mas tudo funciona dentro da normalidade. Estamos sobre auto-gestão, no entanto cada instituição sabe o seu dever.

Aqui está outro exemplo de uma solução simples. O motivo não sei. A verdade é que existe uma rua, cujo nome é Sem Nome. Rua Sem Nome (Zonder -Naam Straat), em Gent.

Até ao próximo post ! 😉

Blue Eye, o olho azul da Albânia

Fizemos uma pausa de um dia no circuito de praias albanesas para ir a Gjirokastër. Saímos cedo de Himarë para enfrentar novas subidas, descidas e muitas curvas, em direção ao Sul da Albânia.

Antes de chegar ao destino programado, desvíamos à esquerda para conhecer o “Blue Eye“. Uma nascente de água que deságua no mar Jônico. Um fenômeno natural que ocorre neste trecho do Sul da Albânia. Uma atração turística popular, a água azul clara das bolhas do rio. Dizem que a profundidade é de 50 m. 

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Blue Eye

Não é fácil chegar lá no verão. Uma imensa fila de carros espera para pagar a entrada por pessoa, que em euros é praticamente simbólica. Funcionários dirigem-se aos veículos para cobrar a entrada, a partir daí atravessamos uma ponte de sentido único, e seguimos por uma longa estrada, um pouco sinuosa, e em terra batida.

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Vista a partir dos restaurantes
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Vista a partir dos restaurantes
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Vista a partir dos restaurantes

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No recinto que envolve toda esta atração há restaurantes e loja de souvenir. É proibido o banho, e principalmente, saltos da plataforma que serve como miradouro para o Blue Eye, mas a verdade é que muitos não respeitam, infelizmente.

A seguir o filme que fiz, e que é mais fiel a toda beleza natural de Blue Eye.

Até ao próximo post! 😉

P.S: Aproveita para se inscrever no canal do blog no YouTuBe, dar o seu like, ativar o sino :)), e também seguir o blog no Instagram e Facebook.  Obrigada! ;)*

Clarice Lispector XIII

Sem título

images.jpegClarice Lispector vivia fora das luzes do palco. Por isso, disseram-lhe que ela não vivia, vegetava.  Ela tentava viver várias vidas e incluía a vida dos mortos, para quem dedicava meditação.

Clarice sentia-se, por vezes, como um cálculo renal. E explicava isso como sendo uma pedra que passa, sofre com dor, e depois que passa, ficava pura.

Sentia-se viver o mistério: “A eternidade antes de mim e depois de mim.” E gostava de ensinar um modo hindu de se ter paz através de um processo de mentalização a partir de um buquê de rosas brancas. Clarice desejava conhecer a Índia.

Uma vez, ela recebeu um desenho mais fiel que uma fotografia de um admirador, que só se identificou como Gilberto, e mais nada. Ele descrevia-lhe ao lado do desenho como: “linda, fascinante e fatal”. Clarice corrigiu-o dizendo: “não existe gente fatal, só no cinema mudo“.

Clarice agradeceu ao fã desconhecido arrumando-se toda e perfumando-se como se fosse encontrá-lo, mas como não tinha mais informações sobre o fã, foi assim que fez esse encontro escrevendo essa crônica no jornal (Sem Título).

Ah, como ela gostava de perfumes! Mais ela já era naturalmente perfumada, e esse dom transferiu aos filhos. Clarice Lispector foi mãe de dois rapazes: Pedro e Paulo Gurgel Valente.

Até ao próximo post!

 

P.S.: Como Clarice Lispector também sou mãe de dois rapazes. E é maravilhoso! E eu sei o que é AMAR.

As belezas do outono

O outono é uma estação, que para mim é difícil de ser ultrapassada. Eu passo a estação desejando uma rápida aproximação do dia 21 de dezembro. Com o inverno já consigo me entender. 🙂

Mesmo assim, não posso deixar de reconhecer algumas belezas desta estação. Estas imagens são do meu quintal. Ao tirar as fotos pensei na teoria do caos. Qual terá sido a mudança, talvez até pequenina, no início do evento de formação desses cogumelos geométricos que gerou essas formações ? Quanto às folhas deixei de apanhá-las, e passei a esperar que o vento decida onde quer deixá-las, pelo menos enquanto dure o outono. 🙂

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Até ao pŕóximo post! 😉

À Bout de Souffle, 1960

 

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À Bout de Souffle(fr)
Breathless (ing)
O acossado (pt)

 

Outro dia vi este filme francês, alugado na biblioteca da cidade. Não imaginava que fosse o primeiro longa metragem de Jean-Luc Godard, e que foi filmado em menos de quatro semanas, sem roteiro concluído. Os atores recebiam as falas à medida que as cenas eram realizadas.

Este filme é considerado o melhor representante da Nova Onda (Nouvelle Vague), que buscava retratar o amor livre. Os filmes desta corrente tinham a juventude dos seus autores e estes sempre dispostos a transgredir as regras do cinema comercial da época. Eles tentaram restabelecer o conceito de cinema de autor do início da década de 30.

O título original do filme é uma expressão francesa que significa “no final das forças, sem fôlego”, e representa bem o personagem Michel Poiccard interpretado pelo belo e jovem Jean-Paul Belmondo.

Em 1983 é feita uma refilmagem, desta vez com Richard Gere em A Força do Amor, outros personagens, outro destino.

No início do filme cheguei a achar o enredo um pouco entediante e passei a admirar o “preto e branco” do filme, o vestuário e os carros da época, e tentando imaginar como estariam hoje os atores principais do filme. Isso foi só no início, o período de adaptação. Logo o filme começou a prender a minha atenção. Havia um cuidado com os ângulos de filmagem, a fotografia, não havia figurantes combinados nas ruas. No entanto, foram os diálogos filosóficos que mais me chamaram a atenção.

As frases de culto do filme que mais gostei:

  • Afinal de contas, sou estúpido se for preciso!
  • Há alguma diferença entre erotismo e amor? Não, nem por isso, acho que não acredito. Erotismo é uma forma de amor, e amor é uma forma de erotismo.
  • Qual é a sua ambição? Sr. Parvulesco? Tornar-me imortal e depois … morrer. (Respondida pelo próprio autor e produtor romeno Jean Parvulesco que participou no filme).

Até ao próximo post! 😉

A tranquila Livadhi, Albânia

Livadhi foi a nossa praia preferida, graças aos seus atributos: é a praia mais próxima de onde estávamos hospedados, Himarë, e uma praia tranquila.

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Livadhi

 

Seguimos por uma estrada tranquila com a companhia de campos de oliveiras até chegar a uma praia extensa com possibilidade de estacionar gratuitamente. Uma praia que faz a festa de famílias e de quem gosta de camping.

Mais uma praia da riviera albanesa que é bem organizada com espreguiçadeira e guarda-sóis. Bem próximo, há restaurantes, hotéis e campings. Há ainda a possibilidade de jogar voleibol de praia e alugar equipamentos de diversão aquática.

Se colocando de costas para o mar pode admirar as ruínas do castelo bizantino de Himarë. Uma imagem que combina com a tranquilidade do cenário.

Vem conhecer Livadhi em vídeo! 😉

Até ao próximo post! 😉

Clarice Lispector XII

O impulso

downloadClarice Lispector era impulsiva. O resultado desse comportamento foi meio a meio, entre erros e acertos.

Por vezes, encontrava-se num impasse, e se refletisse demais deixava de agir, anulava-se. Seus impulsos derivaram de uma cólera sagrada. E pensava que sua bondade era fraqueza.

Clarice receava perder o prazer do “jogo infantil”, porque era alegria pura.

Até ao próximo post! 😉

P.S.: Lembrando que estou apresentando a escritora Clarice Lispector a partir das leituras das Crônicas do Jornal do Brasil, e escritas pela própria escritora.