La Coupole, um projeto secreto

A cidade de Saint-Omer (França) guarda tesouros históricos, e a sua redondeza guarda um impressionante segredo histórico da Segunda Guerra Mundial, La Coupole.

Quando em conversa fiquei a saber da existência de La Coupole, não quis acreditar. Era preciso conferir pessoalmente essa base subterrânea alemã para lançamento de foguetes V2 situada a 5km de Saint-Omer.

Peguei o meu audioguia na bilheteria e segui pelo túnel. Ainda durante os primeiros passos naquele túnel frio e úmido, o arrepio tomou conta de mim ao pensar que toda história pudesse ter outro desfecho se os nazistas tivessem obtido sucesso com esta empreitada.

O audioguia informa-me que de outubro de 1943 a setembro de 1944, cerca de 1300 trabalhadores, construíram todo esse complexo, dia e noite. A ideia era armazenar foguetes V2 para destruir Londres. Era com essa arma de destruição que Hitler contava vencer a guerra.
Durante a visita a esse centro histórico somos encaminhados a assistir alguns curtos filmes. Percorremos salas e corredores com vasto material da época. Um muro memorial carrega nomes e fotos de vítimas do regime nazista. Ficamos a conhecer anônimos heróis da resistência francesa. Impossivel não se emocionar. E mais uma vez vem me o pensamento sobre se tudo tivesse tomado outro rumo.

Esse enorme bunker alemão em terra francesa não chegou a cumprir o seu objetivo fatal, mas a invenção do foguete V2 por um jovem engenheiro alemão acabou por ser adquirido pelos americanos que o desenvolveram para se tornar o foguete Saturno V. Sim, o foguete que enviaria o homem à Lua na missão Apollo e também utilizado na missão Skylab. 

Segue o vídeo que fiz a este impressionante bunker alemão em território francês.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post! 😉

Saint-Omer, um baú de tesouro

O Norte da França abriga um tesouro histórico e é lá que gostaria de levá-los, até a medieval Saint-Omer.
Ao chegar as primeiras observações vão para a sua praça central onde está o prédio do teatro Le Moulin à Café.

Vai se adentro pelas ruas de Saint-Omer e encontro um rico património que se revela a cada passo ao caminhar sob suas ruas de paralelepípedos.

A quase ausência de transeuntes cria o cenário perfeito para encontrar os detalhes que não encontras em guias turísticos ou a vida que te cerca. Como uma janela no sótão de uma casa com a imagem de uma mulher de costas, mas ao olhares por outro lado revela a imagem desta mulher de frente em traje interior.

Sigo até os que restou do Bastion Saint-Venant. Os bastões eram obras de fortificação para a artilharia.  Este faz parte do traçado do jardim público que está a poucos passos, e que revela a beleza do “Jardin à la Française”.

De volta ao centro em direção à grandiosa Catedral Notre-Dame-de-Saint-Omer onde estão as relíquias do santo que dá nome à cidade. O edifício tem a forma de cruz latina, e o seu exterior revela algumas sutilezas. O seu estilo abrange os períodos da arquitetura gótica, do clássico ao extravagante. Há também uma harmoniosa torre octogonal ao lado de outro elemento octogonal e cercados por um bem cuidado jardim. O seu interior com várias capelas guarda alguns tesouros artísticos.

O passeio continua em direção a outro tesouro que Saint-Omer preserva, mas antes uma paragem para admirar a fachada barroca da Capela dos Jesuítas (Chapelle des Jésuites).

Atravesso ruas, canais, casas do século XV até chegar ao mais valioso património de Saint-Omer, as ruínas de l’Abbaye Saint-Bertin. Esta antiga abadia beneditina foi fundada no século VII quando Saint-Omer ainda chamava-se Sithiu. É impressionante, e mesmo emocionante, admirar estas ruínas, imaginar todo o peso de anos de história. Olhar para o que era o seu portal de entrada e observar as “pegadas” Calvinistas da Iconoclastia, quando no século XVI muitas igrejas foram profanadas. Todas as imagens do portal estão sem cabeças em oposição a veneração de imagens. O Calvinismo que surgiu nos Países Baixos foi por isso considerado um movimento de hereges pela Igreja de Roma.

A região à volta de Saint-Omer guarda ainda outra preciosidade histórica de um outro período da nossa humanidade, mas este ficará para um próximo post. Segue-me! 😉

De volta à França, Arras

Saudades de ir à França, então chegou a vez de dar um passeio comigo no Norte da França. Com exceção de Lille, é uma região pouco mencionada para o turismo, é conhecida como a região dos “caipiras” (ch’ti) franceses com seu típico sotaque, bem como por seu mau tempo.
As chuvas deram uma pausa nesse cantinho da França, e foi possível andar pelas ruas da simpática Arras.

A primeira impressão que tive ao observar o casario foi de estar no cenário de tantos filmes sobre a Segunda Grande Guerra. Isso não é confortável.

Não há como visitar cidades da região sem tocar no tema das Grandes Guerras. Cada passo nesta região é um incentivo para aprender sobre o que aconteceu naqueles períodos. Em outro post do blog escrevi sobre tomar conhecimento real da existência de cemitérios português, e indiano. Em Arras, um passo não programado, fora de uma rota turística, fez-me conhecer esta placa de agradecimento aos trabalhadores chineses que estavam a serviço da Chinese Labour Corps. Recrutados pelo governo britânico na Primeira Guerra Mundial ajudaram as tropas aliadas durante e depois da Guerra. Foram mais de 2500 chineses mortos, mas estima-se que esse número seja muito maior.

Passos em frente e avista-se a imponente catedral de Arras (Cathédrale Notre-Dame de l’Assomption et Saint Vaast d’Arras). A original foi construída entre 1030 e 1396, em estilo gótico, mas destruída na Revolução Francesa. Em 1750 foi reconstruída em estilo Neoclássico. Depois foi fortemente danificada por bombardeios em 1917 durante a Primeira Guerra.

A arquitetura de Arras é por si só uma atração como o pórtico de entrada do novo polo cultural Saint-Vaast, ou ainda, o pórtico de entrada do Hôtel de Guînes, um local de exposições.

A ideia é continuar seguindo em direção à Praça dos Heróis (Place des Héros). Quando se avista a sua bela torre, o gps deixa de ser necessário, basta seguir o olhar sobre ela.

E aqui está uma das praças mais bonitas que já conheci. O estilo flamengo na arquitetura e o som da língua francesa que entra sem pedir permissão aos meus ouvidos é uma combinação perfeita para o significado de beleza. Valia a pena esperar para vê-la à noite.

Antes da noite fria chegar a ordem era seguir até a outra praça da cidade, a Grande Praça (Grand Place). No caminho até lá está a Igreja de São João Batista (Église Saint Jean-Baptiste), de estilo gótico, construída em 1920, onde havia uma igreja do século XVI destruída durante a Primeira Guerra Mundial. A construção destruída tinha também um grande valor histórico, pois foi a única de Arras que não foi vendida ou arrasada durante a Revolução Francesa, por isso conhecida como o Templo da Razão. Quanto a atual, sabia-se que lá está uma obra do pintor Rubens. Essa eu tinha que entrar! 

A descida da cruz por Peter Paul Rubens (1577-1640) quando se declarou sob alguma influência dos mestres italianos. Um tema importante para o artista que pintou várias versões. Aqui está a de Arras.

Arras pode se orgulhar de suas duas praças. Aqui estamos na Grande Praça (Grand Place).

Hora de partir, mas uma descoberta na Praça dos Heróis (Place des Héros) foi motivo para ficar um pouco mais, um restaurante do Canadá. Na Bélgica, a hora de jantar é por volta das 17hs, mas na França parece ser mais tarde, por volta das 19hs. Estava frio, uma boa “desculpa” para se beber um chocolate quente enquanto o restaurante não abria. Já dentro do restaurante que estava decorado para o Halloween junto a muitas recordações da província do Quebec, pude apreciar um prato que há muito estava curiosa, Poutine, acompanhado de uma cerveja com xarope de ácer. Um dia perfeito.

Por falar em França, Canadá, francês, Guerra Mundial,…  Vou terminar o post não com o meu habitual filme caseiro sobre a cidade, mas com um sucesso em francês da cantora canadiana-francesa Mylèna Farmer. Ela que é considerada a rainha do pop francês.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Lille flamenga

De volta a Lille após quase 5 anos. Caminhar por algumas de suas ruas centrais à noite fez esquecer um pouco o frio que se fazia presente, admirar a iluminação, algumas pinturas, entrar numa livraria francesa, e afirmar o ar flamengo de Lille em plena França

A motivação para atravessar a fronteira, que não estava distante, foi também ir a uma brasserie, próxima à estação central, que produz a sua própria cerveja com a possibilidade de uma especial apresentação (ver foto). 

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Painel sobre feminicidio

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Motivação: essa apresentação das cervejas e culinária francesa

Um curto filme que fiz…

Até ao próximo post! 😉

Cemitério militar português, para não esquecer

O cemitério militar português da Primeira Guerra Mundial “é um lugar único em França.” Situado em Neuve-Chapelle, próximo ao cemitério indiano que está sob os cuidados da Commonwealth War Graves Commission (CWGC).

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“O terreno foi adquirido em Agosto de 1924. De 1924 a 1938, a comissão das sepulturas de guerra reúne 1831 corpos provenientes de França, Bélgica e Alemanha.”

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“Em 1935, o muro, a porta monumental e os túmulos são construídos com materiais importados de Portugal.”

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“O cemitério é protegido como Monumento Histórico desde 2017.”

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“A capela de Nossa Senhora de Fátima foi construída em 1976, em frente ao cemitério, em homenagem aos soldados que sofreram com a ofensiva alemã de Abril de 1918.”

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Estava muito vento, mas foi possível fazer um curto filme.

 

Até ao próximo post!

P.S.: Em aspas são transcrições de partes de vários textos que se encontram ao longo do muro do cemitério.

 

Calais, uma gracinha

Após visita ao Cabo do Nariz Branco (Cap Blanc-Nez)seguiu-se a cidade de Calais. Mais recentemente conhecida por ter tido um grande acampamento de refugiados, que tentavam seguir para Inglaterra. Bem como, por ser uma das rotas mais escolhidas para travessia de ferry.

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Foram poucas as atrações conhecidas, mas que deixaram uma impressão positiva da cidade. O primeiro ponto turístico foi o prédio da prefeitura. Um dos mais bonitos que já conheci. O parque em frente à prefeitura estava com uma decoração de Natal de temática infantil com música, e em seu centro a estátua em cobre de Rodin, os burgueses (Les bourgeois de Calais). 

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Era 30 de dezembro de 2019, aproveitei para fazer o último quadro “vai mãe, vai!” do ano.

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Em seguida foi a vez de conhecer o monumento em homenagem a Charles de Gaulle e Wiston Churchill caminhando para a reconstrução da França no parque Richelieu.

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Calais surpreendeu. E não podia faltar em meus posts de viagens a culinária local. Almoçamos no L’Hovercraft. E foi onde conheci o Welsh, um prato tradicional no norte da França, que lembra muito “a francesinha” (Porto, Portugal). Existem mais de 10 combinações deste prato. Sendo que também há uma versão doce. Até então, só conhecia Welsh a língua galesa. 

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Escargots com manteiga de especiarias

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Welsh Hovercraft com batata frita e cerveja belga

Welsh Doce

E o filme que fiz, vem comigo! 😉

Até ao próximo post! 😉

Cabo do Nariz Branco, França

Cap Blanc-Nez. Recebe esse nome devido suas falésias de giz, que refletem beleza, e que nos faz pensar na importância da paz. Situa-se próximo a Calais (cidade francesa). Uma área que transborda história da 2a. guerra mundial. Era este local que os nazistas pensavam que a tropa aliada realizaria a grande operação chamada Dia D. Não foi. A tropa aliada desembarcou na Normandia, bem mais a sudoeste, e venceu a guerra. 

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Todo o espaço à volta é propício para realizar caminhadas enquanto se observa todo o vai e vem dos ferrys em direção à vizinha Inglaterra, possível de ser avistada. Fazia muito vento, e o frio fazia-se sentir em intensidade. Observar a formação das nuvens foi um espetáculo à parte. E avistar daquele ponto a aldeia de Escalles, deixando o desejo de retornar em melhores condições climáticas.

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Escalles

Há um estacionamento gratuito próximo ao caminho do Cabo do Nariz Branco. Depois é só seguir a trilha indicada e apreciar toda a paisagem, que ainda aparenta as marcas de intensos bombardeios. É de arrepiar imaginar tudo que possa ter acontecido.

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E aqui vai o filme que encontra-se no canal O Miau do Leão no YouTuBe…

Até ao próximo post! 😉

Dunkerque, França

É uma cidade do Norte da França situada a cerca de 10 km da fronteira com a Bélgica. Famosa pelo seu porto e pela batalha que ocorreu na 2a. Guerra Mundial, e que foi em parte retratada no impressionante filme Dunkirk.

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âncora de navio nazista

Fazer esses deslocamentos entre o sudoeste da Bélgica e o norte da França revelaram várias imagens de cemitérios da 1a. Guerra Mundial, e também da economia da região. Como é o caso do cultivo de beterraba sacarina para produção de açúcar acondicionada aos montes próximo à estradas. 

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beterraba sacarina

Fazia um belo dia de Sol de inverno, mas com muito vento, e consequentemente, muito frio.  Seguimos para conhecer os principais pontos turísticos de Dunkerque, e que estão situados no centro da cidade. Não são muitos, e com cerca de uma hora é possível conhecer a todos. Ano passado, durante o verão, estivemos na praia desta cidade, onde foram feitas várias cenas do filme. (aqui)

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Beffroi Saint -Éloi

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Église Sain-Éloi

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Tour du Leughenaer

E agora o curto filme que fiz…

Até ao próximo post! 😉