Durante as festas de fim de ano as cidades da Bélgica decoram suas ruas principais para aquecer os corações em tempo de muito frio. Os mercados de Natal estão presentes em várias cidades do país. Fora desta tradição encontra-se o centro político de Bruxelas.
Neste post trago cenas atuais de Leuven e Bruxelas, e a experiência Imersiva Claude Monet que acontece em Bruxelas por estes dias de festas.
LEUVEN:
BRUXELAS:
EXPERIÊNCIA IMERSIVA CLAUDE MONET (BRUXELAS):
E aproveito para desejar a todos boas festas, e o desejo de voltar a encontrá-los no próximo ano neste espaço com saúde e criatividade, e que a paz deixe de ser um sonho e torne-se realidade neste planeta que é a casa de todos nós, e que por isso devemos protegê-la da ganância por lucros de alguns que, infelizmente, estão no poder.
E, assim o blog O Miau do Leão vai descansar estas 2 semanas, esperando retornar em Janeiro da próxima década.
Décadas atrás, eu estudei engenharia civil, mas tinha filosofia como disciplina no currículo. Os meus colegas de turma perguntavam-me como eu poderia gostar de filosofia. Eu colecionava alguns 10/10, e precisava sempre de mais folha para completar a prova. E eu tinha em casa vários livros de filosofia, sociologia, antropologia,… Não havia conversas sobre o assunto em casa, mas eu explorava-os sozinha como uma espécie de hobby. Era fácil passar a gostar e compreender filosofia.
No presente, ainda tenho alguns livros, mas já não os visito como antes. No entanto, depois de uma conversa com meu filho de 17 anos, a chama da filosofia voltou a acender dentro de mim, e com muito orgulho de mãe por ele ser muito bom no assunto, e questionar todos os aspectos da vida. Foi nestas conversas que surgiu Spinoza. Corri para buscar um livro sobre o mesmo e foi esse o resultado…
Spinoza é considerado o filósofo dos filósofos. Nasceu na Holanda, filho de portugueses. Era um homem religioso, judeu, mas que na prática não professava nenhuma fé. E por esse último detalhe, e não só, foi abominado e teve suas obras perseguidas, mesmo numa Holanda à frente do seu tempo no século XVII.
O seu sistema definiu deus como natureza, e era composto de definições, axiomas e demonstrações geométricas, uma inspiração que veio de Descartes. É o Panteísmo: doutrina filosófica em que Deus e o Universo é uma coisa só.
Spinoza também escrevia sobre teoria política, acreditando que o propósito do Estado era proteger o indivíduo, para que este pudesse desenvolver livremente através da razão iluminista. Ele estava muito à frente de seu tempo e atento para a realidade e o mundo moderno. Surgia a liberdade de expressão.
No século XVII, os judeus não eram considerados cidadãos holandeses, e criticar a bíblia era como atacar o cristianismo. Dizer que na bíblia não havia provas de que deus tinha um corpo, de que a alma era imortal, ou que os anjos não existiam, era entrar num grande sarilho. Tentaram ameaçá-lo, silenciá-lo com dinheiro, e mesmo chegou a sofrer um ataque com punhal.
A comunidade judaica de “Amsterdam” excomungou Spinoza, abandonando-o com a finalidade de demonstrar à comunidade cristã que nada tinha a ver com o filósofo. Passou a ser o “maldito”. Seu pai faleceu, e sua irmã aproveitou para tomar toda a parte na herança que cabia à Spinoza. Ele entrou com processo, venceu, mas acabou por dar quase tudo à irmã. Ele só queria vencer com argumentos. Passou uma vida de dificuldades, vivendo na máxima simplicidade, aprendeu um novo ofício, tornando-se fabricante de lentes, mas não parou de escrever a sua filosofia.
Suas obras mais conhecidas são: Princípios da Filosofia (uma série de demonstrações geométricas do pensamento de Descartes), o Curto Tratado sobre Deus, o Homem e o Bem Estar, e Ética (obra póstuma).
Bem, essa é uma curtíssima explanação sobre o livro Spinoza em 90 minutos de Paul Strathern, que estudou filosofia no Trinity College de Dublin. O livro é uma rápida leitura, como diz o título, para conhecer este filósofo. Outros filósofos também são retratados na coleção 90 minutos, e pretendo continuar a revê-los, agora que a chama acendeu.
Eu deixo mais explicações com o vídeo do professor de filosofia da UERJ, Marcos André Gleizer…
Durante o mês de outubro há uma semana de férias escolares, a chamada férias de Outono (Herfstvakantie). Aproveitamos um dia ensolarado da semana para ir até Kortrijk na região ocidental flamenga da Bélgica.
Encontramos ruas tranquilas para um passeio. Um rio navegável que corta a cidade, o Leie. E uma cidade que desde a Idade Média cresceu graças a indústria do linho e lã com a vizinha França e Inglaterra. Há um museu na cidade que conta essa história, mas o meu filho mais novo já o tinha visitado, e não queria repetir a visita. Ficou a minha visita para outra oportunidade.
Foi com meus rapazes que fiquei sabendo que a cidade foi palco de dois eventos importantes para o país. O primeiro foi a Batalha de Courtrai (nome da cidade em francês) ou Guldensporenslag que ocorreu em 1302. Em seguida, mostro uma estátua que relembra este momento. O segundo evento ocorreu em 1820, a assinatura do Tratado de Kortrijk, estabelecendo as fronteiras ainda atuais entre a França e a Bélgica. Durante os séculos XIX e XX, a indústria do linho floresceu e continua sendo importante na indústria têxtil belga atualmente. Uma outra curiosidade da cidade é que foi a primeira da Bélgica com uma rua comercial para pedestres, a Korte Steenstraat.
Almoçamos no centro, e seguimos para conhecer a Saint Elisabeth Beguinage que remonta ao ano de 1238 e foi listada como Patrimônio Mundial da Unesco em 1998. Foi-lhe dada a sua forma atual no século XVII após várias destruições. Tem cerca de quarenta casas barrocas com um jardim frontal privado. Uma área cercada na cidade onde se reuniam senhoras da sociedade e religiosas para fazer caridade. Já felei sobre a de Leuven (aqui).
Faz tempo que não escrevo nesta caixa “artistas” do blog. Em princípio, a intenção era trazer artistas nascidos aqui na Bélgica, no entanto vou fugir a esta regra inicial e trazer uma música do francês, nascido na Argélia, Étienne Daho, cantada em francês, que é uma das línguas oficiais no país.
Fim de ano é um período que traz “saudade”. Daí, lembrei da música “Saudade” (1991) do Étienne Daho, que vem com uma interpretação musical a qual eu costumo dizer que é uma viagem de sensualidade.
Saudade, uma palavra linda em qualquer pronúncia.
Bom fim de semana com SAUDADE e até ao próximo post! 😉
O primeiro dia de outono revelou imagens de uma Rotterdam moderna, capaz de esconder o sofrimento que esta cidade passou durante a 2a. Guerra Mundial. Também foi um dia especial, pois o meu filho mais velho fez 17 anos. Vem comigo passear! 😉
Na caminhada para conhecer as casas em cubos, registrei um belo painel que resume a Rotterdam do passado e do presente.
Na mesma avenida do painel encontra-se o belo prédio da prefeitura.
Após quase total destruição durante a 2a Grande Guerra, Rotterdam renasce com prédios grandiosos, mostrando a força da engenharia holandesa.
Um desses prédios é o Market Hall. Por dentro há várias lojas, restaurantes, incluindo uma lojinha portuguesa. A estrutura exterior é composta de apartamentos habitáveis. O teto interior é simplesmente estonteante.
Depois de conhecer o Market Hall ficamos a passear pelas ruas próximas… E, claro, sem faltar as famosas casas dos cubos (Kubuswoningen).
Mais uma gaivota para minha coleção…
E aqui o filme do passeio sobre uma tarde em Rotterdam…
Até ao próximo post! 😉
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O curta metragem finlandês “The Last Knit” ( O Último Tricô, 2005) traz uma senhora que não consegue perceber o limite em parar de tricotar, mesmo que esteja na iminência de perder a vida.
O desenho transmitiu-me a lição de que devemos estar atentos aos limites, e algumas vezes, reconhecer que devemos desistir de um objetivo, não correr o risco de que a compulsão nos domine a vida. O “parar” não deve ser frequentemente interpretado como derrota.
Considero o curta metragem um momento especial para assistir e debater com crianças e jovens sobre a mensagem que ele quer passar. Espero que gostem da dica. 😉
Depois de ter conhecido a casa do escritor albanês, Ismail Kadaré, em Gjirokastër Albânia, (aqui) comecei a ler um de seus livros, O Palácio dos Sonhos. Uma obra que logo nas primeiras páginas revelou-se fascinante e intrigante. Quem poderia imaginar que os nossos sonhos pudessem ser enviados para análise ? E assim, ter a possibilidade de prever acontecimentos decisivos. É um pouco do que li que passo a revelar aos meus queridos seguidores.
MarkAlem é um albanês da família Quprili, sobrinho do Vizir. Uma família com presenças nas funções do Estado Imperial. E chegou a vez de MarkAlem também ter uma função neste mesmo Império. Ele foi nomeado para trabalhar na importante instituição Palácio dos Sonhos também referenciado como Tabir Sarrail. E cuja relação com a família sempre foi complicada.
Já desde a antiguidade, e registrado em livros, encontram-se os benefícios das análises dos sonhos e o seu papel na antevisão dos destinos dos países e dos que os governam, principalmente quando relacionados a desgraças.
O Palácio dos Sonhos foi criado para recolher, classificar e examinar a totalidade dos sonhos dos cidadãos, sem exceção. Encontrar um sonho revelador era como buscar uma pérola perdida no deserto de areia. Essa instituição não era uma fantasia, mas sim um dos pilares do Estado.
Além disso, ou seja, de encontrar o sonho revelador, havia a dificuldade de temporalizar o sonho antes de sua manifestação real. Não era difícil imaginar a existência de agentes infiltrados no Tabir Sarrail, por isso era uma instituição totalmente fechada ao mundo exterior.
A quantidade de sonhos variavam de uma estação para outra, sendo ao final do ano mais intensos, aumentando o fluxo de pastas para análise dos sonhos. Quando os sonhos chegavam ao Palácio dos Sonhos eram levados para a seleção a fim de serem separados os sonhos de caráter privado, sem a mínima relação com o Estado, e estes eram logo encaminhados para o arquivo. Era rigorosa a instrução de se banir qualquer preconceito ou toda a consideração pessoal da apreciação dos sonhos, era no entanto assim que os empregados procediam na primeira triagem dos materiais.
MarkAlem, personagem central do livro, começou a trabalhar na seleção, mas logo demonstrou o receio de ser enfeitiçado pelo que lia e esquecer o mundo e o gênero humano. Alguns colegas da seção conservavam a cabeça perdida sobre as pastas, e possivelmente deviam apenas fingir que liam, pensava MarkAlem.
Os sonhos eleitos na triagem eram classificados consoante os tipos de assunto em causa: segurança do Império e do Soberano; política interna; política interna; vida civil; indícios de um eventual sonho-mor; diversos. Era preciso também saber identificar um possível fazedor de sonhos que era severamente punido, bem como o empregado culpado de fazer valer o sonho, que poderia ser da seleção ou da interpretação. Em caso de dúvida era preferível marcar com um grande ponto de interrogação.
O Tabir Sarraial ou Palácio dos Sonhos era, portanto, uma instituição sedutora e terrível, e completamente alheio à vontade dos homens, a mais estatal.
Depois do sonho selecionado, este era levado à interpretação onde o trabalho era infernal. Um trabalho criativo e completamente distante de uma banal interpretação de sonhos. E MarkAlem foi rapidamente transferido para esta área do Palácio dos Sonhos.
Decifrar um sonho contava com o conhecimento entre a relação dos diversos símbolos do que o próprio símbolo: um gato preto com a Lua entre os dentes corria perseguido por uma multidão de pessoas, deixando atrás de si o registro sangrento do astro ferido…
Quando finalmente o Sonho-Mor era escolhido, faziam-se os preparativos para o enviar ao palácio do soberano. E no dia seguinte chegava a notícia se ficara satisfeito ou não. O Sonho-Mor era capaz de verdadeiras mutações no Estado. Também havia a possibilidade deste ser forjado do início ao fim por empregados levados pelo interesse de poderosos grupos rivais.
O arquivo do Palácio dos Sonhos era enorme e repleto de estantes classificadas: sonhos tidos na véspera de grandes matanças; povos assombrados; povos radiosos; eróticos; crises econômicas; desvalorização das moedas; rendas de propriedades; bancos; falências; conspirações; intrigas governamentais; sonhos de cativeiro; período de servidão; grandes delírios.
Tudo desenrolava-se normalmente até que os Quprili são envolvidos na interpretação de um Sonho-Mor com uma ponte. Os Quprili mudam o nome para Kõprulii para não voltarem a ser identificados com este símbolo e MarkAlem é nomeado chefe da secção do Sonho-Mor.
Claro, não contei tudo, para que o leitor do meu blog venha a se interessar por este livro que absorveu-me do início ao fim. 😉
Deixo-vos com o filme da minha visita ao antigo lar do escritor Ismail Kadaré, na Albânia. No presente, ele vive na França.
Um detalhe é importante para quem decidir conhecer esta cidade deslocando-se de carro: Não se pode aproximar do centro sem uma autorização local. Por isso, deixamos o carro no estacionamento gratuíto de uma arena para hipismo e pegamos um bus para o centro. Para retornar ao carro, no fim do dia, fomos caminhando, porque até que não era muito distante.
Em direção ao centro histórico encontramos uma Aachen movimentada e multicultural. Depois de recebidos pelas 3 senhoras acima seguimos em busca da praça central. Começamos por conhecer a praça Münsterplatz com muitas lojinhas de comércio, e algum comércio de produtos exuberantes.
Ao lado está a prefeitura construída em estilo gótico no século XIV.
Não longe da prefeitura está o outro imponente prédio da cidade, a sua catedral. A catedral que guarda os restos mortais de Carlos Magno, que lutou pela unidade da Europa e pelo progresso da ciência. É em Aachen que se encontra a Escola Superior Técnica com maior área de cursos técnicos na Alemanha.
Entre a caminhada da prefeitura até a catedral encontramos a Fonte dos Bonecos, a Puppenbrunnen. Ela possui bonecos articulados, e pelo que li representa as paixões da cidade: equitação, carnaval, indústria têxtil, ciência e a água simboliza a grande quantidade de fontes em Aachen. Uma pequena festa para as crianças. 🙂 Foi divertido vê-las a explorar cada pedacinho da fonte. :))
Ainda na caminhada entre a prefeitura e a catedral da cidade passamos por várias confeitarias tradicionais. E, claro, compramos alguns biscoitos típicos, sempre com muito zelo na apresentação.
Após conhecer as principais atrações turísticas, fizemos um passeio até a conhecida rua dos estudantes, a Pontstrasse (ver vídeo). Sendo Aachen uma cidade universitária não poderia faltar a rua do agito, onde há muitos bares e restaurantes. Mais para chegar até lá algumas imagens interessantes saltaram à vista: a bicicleta especial, a fonte do menino muito divertido com 2 peixes e uma estante com livros para ler de forma gratuita.
Ainda no mundo dos livros, registrei uma enorme livraria no centro de Aachen com cerca de 3 andares, mas fiquei admirada com a quantidade de casas particulares que em sua janela da frente usavam livros como decoração. Passei a adotar esse costume em casa.
No entanto, decidimos provar da culinária alemã no restaurante Elisenbrunnen que tem vistas para o parque que fica no domínio do conhecido prédio das fontes termais desde os tempos de Carlos Magno, a Elisenbrunnen. Vim a saber que segundo a terminologia alemã, a cidade deveria se chamar Bad Aachen, devido às fontes termais de água sulfurosa, mas ela desistiu do título porque teria de abdicar de ser a primeira entre as cidades alemãs por ordem alfabética.
Vem fazer um passeio comigo pelas ruas de Aachen com muito mais imagens ! 😉
Até ao próximo post! 😉
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The Easy Life é um curta de apenas 2min:22s. Uma boneca e uma menina faz-nos refletir sobre responsabilidade e busca do conhecimento. A menina encarrega suas tarefas escolares para sua boneca de mesa, cada vez mais. Até que um dia ocorre algo surpreendente.
Talvez, seja o final do curta metragem algo assustador para uma criancinha assistir. O que vocês acham? Vamos vê-lo?