Youca Action Day 2023

Hoje, 19 de Outubro, foi um dia especial na vida dos jovens da região flamenga e de Bruxelas, o Youca Action Day. E eu que sou entusiasta da participação voluntária de jovens em projetos socias explico o que aconteceu neste dia. Youca é uma organização com sede em Bruxelas. “Ela é para e por jovens incentivando-os a trabalhar juntos em prol de uma sociedade sustentável e justa. Youca pretende que a voz e a determinação dos jovens influenciem positivamente a opinião pública, os atores sociais relevantes e os políticos. “Neste dia cerca de 15 mil jovens, incluindo o meu filho mais jovem, trabalharam em alguma empresa e o salário do dia de trabalho irá para o Youca 2023 cuja campanha é pela  igualdade de gênero no Senegal. Neste país 1 em cada 6 garotas sofre violência sexual. Eu deixo abaixo um filme sobre o projeto deste ano. É possível colocar legenda em vários idiomas. Espero que a iniciativa atinja todo o mundo. Viva o Youca Action Day

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Projetos Sociais na Europa

No blog da Cristileine Leão comentei no seu post sobre o interessante projeto de proteção aos gatos de rua em Portugal. Li que um projeto semelhante também há na Turquia.

Quando eu vivia em Portugal tive conhecimento de outros projetos como o de ajuda aos pequenos empreendedores, ou projetos de contar histórias para crianças, ou projetos de verão da Universidade de Évora…

Mais um projeto que até hoje não esqueci foi o Banco de Tempo. Desconheço se há algo semelhante no Brasil, país em que nasci. A ideia surgiu nos Estados Unidos (anos 80) e na Itália (anos 90).

Um sistema de organização de trocas solidárias. Troca-se tempo por tempo. O projeto cresceu ao longo dos anos e já há 28 agências no país.

Você pode conhecer o projeto em: https://bancodetempo.pt/

Na Bélgica há também interessantes projetos. Eu conheço e participo de atividades do Bonangana. Eles ajudam estrangeiros a aprender o holandês, sua integração no país, e também crianças, em sua maioria filhos de estrangeiros, com os seus trabalhos escolares para casa. Outro projeto é o Babilonië. Lá, reformados disponibilizam seu tempo para ajudar estrangeiros a treinar o falar em holandês. 

Um outro projeto que tem ganho força é o Repair Café. Reparadores voluntários se reúnem com pessoas que têm algo para reparar e vontade de aprender. A ideia é diminuir o consumo, combatendo o desperdício e a crise ambiental. Esse projeto inicou-se na Holanda em 2016.

Deixo aqui essas ideias com esperança de que germinem no Brasil.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

O mundo sem os técnicos

Estive a comentar com o Estevam do Blog Sabedoria do Amor sobre a importância do trabalho de algumas profissões que não são valorizadas em muitos países.

Daí, lembrei de um vídeo que vi numa reunião de escola na Bélgica.

Aqui na Bélgica, a escola primária é até ao 6° ano de estudos. Depois começa o secundário e o estudante tem que escolher entre 3 direções: ASO, TSO e BSO. Eu não vou explicar em detalhe até porque cada uma dessas direções tem outras divisões e subdivisões. Resumindo, quem escolhe ASO tem ideia de seguir estudos universitários. TSO pode seguir ou não estudos universitários, e BSO não seguirá estudos universitários. 

Foi para esta última direção de estudo que o filme de produção alemã focou. O que seria do nosso cotidiano sem os técnicos de BSO? Assim, o filme foi passado na Bélgica para atrair estudantes com talento para essa direção de estudo. No filme é possível identificar profissões como: trabalhadores das obras, das fábricas, dos salões de beleza, das óticas, etc.

Segue o filme…

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Momentos especiais

Alguns dias atrás vivi duas novas e agradáveis experiências.

A primeira, eu estava em trabalho e vejo um dos integrantes do grupo belga Hooverphonic. Aqui no blog tenho vários posts sobre essa banda que é uma das que mais gosto. 

Eu fiquei sem palavras, mas conseguiu sair algo do tipo “eu conheço você”, Hooverphonic, certo? Ah, eu acompanho o grupo desde os anos 90 no Brasil. 

Eu já ia embora, e o cliente e músico chamam-me para uma foto. O resultado é está foto que estou feliz junto ao Raymond Geerts. No dia seguinte, outra simpática cliente diz que viu uma publicação no Facebook com a foto. E escreveu que com pouco se faz feliz o dia de uma pessoa. Assim também fiquei sabendo que o simpático cliente é um artista na construção de guitarras.

De 22 de Março até 20 de abril, os muçulmanos estavam no período do Ramadão. A tradição diz que não se pode comer, beber e nem ter contato sexual entre o nascer e pôr do Sol. O Ramadão não acontece sempre nestas datas, depende do calendário muçulmano. No ano passado aconteceu em pleno verão.

À noite, o jejum é quebrado através da refeição Iftar. Fui convidada para participar de uma noite de Iftar. Num grande salão estavam mesas e ao centro vários pratos da culinária turca. Éramos recebidos com boas vindas. Antes da refeição houve algumas apresentações e reza. Um padre também discursou em pró da integração e diversidade. Ao sair era entregue a cada convidado algumas guloseimas e um papel que dizia que no Reino Otomano quando as pessoas vinham comer, o dono da casa dizia: “Você é meu convidado, você se deu ao trabalho de ganhar minha recompensa, você cansou os seus dentes enquanto comia, esse é o aluguel de seu dente”. Enfim, uma noite diferente com exercício ao respeito e tolerância.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Caminhada e Geocaching II

Quando fiz uma das últimas caminhadas e iniciei a atividade de Geocaching foi também um momento de outras novas descobertas.

No caminho estava essa original casa para as abelhas.

Mais adiante avistei uma capela que foi construída em 1632. Em sua parede havia uma placa que dizia que próximo dali foi encontrada uma cruz milagrosa em 1317. Antes de morar na Bélgica, eu não imaginava o quanto o passado deste país era ligado a religião católica. Muitas pequenas cidades tem nome de santos ou termina com a palavra “kerk” que significa igreja.

A casa para as abelhas e a capela estão localizadas sobre uma reserva natural que teve uma linha de defesa militar entre 1701 e 1702, quando tropas francesas tentavam se proteger dos ataques holandeses.

Fiquei a pensar nessas informações e refleti sobre o quanto aos nossos passos pisam sobre momentos históricos.

Agradeço a sua leitura e até ao próximo post!

O cinema de Ozu

Foi ao ler o livro A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery (aqui) que tomei contato com o nome do diretor de cinema japonês Yasujiro Ozu. Um dos maiores nomes do cinema japonês.

Fiquei curiosa e escolhi ver o filme O Filho Único (1936) seu primeiro filme sonoro e gostei muito. Aliás, todas as citações que estão no livro de Barbery, que foi muito especial para mim, são para serem seguidas.

Ozu gostava muito de filmar na posição de tatami e os seus filmes tinham como tema principal os dramas familiares.

Em O Filho Único numa das primeiras cenas surge a frase “A tragédia da vida começa na relação entre pais e filhos“, Ryunosuke Akutagawa (escritor japonês).

O filme é em preto e branco, poucos diálogos. Há no filme toda uma leveza que é apaixonante. A relação entre uma mãe viúva e o seu filho único que partirá para Tóquio a fim de estudar e ser um grande homem como é o desejo da mãe trabalhadora que não mede esforços.

Acho que não ficarei só nesse filme de Ozu. Espero conseguir ver outros. O Filho Único conseguirá vê-lo no YouTuBe com legenda em português (aqui).

Para este post eu trago um curto filme sobre seus filmes. Espero que gostem.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

Caminhada e Geocaching

A caminhada do sábado pela manhã voltou a ser em Lokeren, uma cidade que fica não muito longe de onde vivo. 
Foi a vez de percorrer uma boa parte do parque reserva natural de Linie, em Eksaarde, Lokeren

Desta vez, propus ao nosso pequeno grupo um novo desafio, a prática do Geocaching. 
Geocaching é um passatempo e para alguns é mesmo um desporto ao ar livre que nos faz caminhar e caminhar para achar uma geocache através da utilização de gps e registrá-la. E isso em qualquer parte do mundo.

Eu imagino que você, meu leitor, vai a correr para instalar o aplicativo e procurar por geocaches em sua vizinhança. 🙂
Eu estava há muito tempo querendo praticar essa atividade e hoje encontrei a minha primeira geocache. 
Ao voltar à minha cidade, Sint-Niklaas, fui ao encontro de outra e no centro da cidade!

Primeira Geocache:
Na imagem abaixo, você vai ver as geocaches em verde e a que achamos, registrei a descoberta no aplicativo, e ela tornou-se na cor amarelo.

A geocache estava escondida atrás de um tronco partido. Dentro estava um pequenino bloco com os nomes e datas daqueles que a encontrou.

A segunda geocache foi mais difícil de achá-la. Eu vasculhei toda a estátua, mas ela estava atrás de uma grade, colada com um imã.

A última descoberta desta geocache deu-se exatamente a um ano atrás. 🙂

Foi uma manhã divertida como se voltássemos a ser criança à  busca de um tesouro.

Agradeço a sua leitura e até ao próximo post!

Camille Jenatzy, o belga recordista

No dia da segunda volta das eleições no Brasil fazia um agradável dia de Outono em Bruxelas. Um convite perfeito para passear e buscar conhecimento. 

A escolha foi o Museu Autoworld com os seus mais de 250 automóveis.

Foi lá que conheci a história do belga Camille Jenatzy, que estabeleceu um recorde de velocidade de estrada de 105,88 km/h em 29 de abril de 1899, em Achères (França). Ao fazê-lo, ele se tornou a primeira pessoa a ir mais rápido do que 100 km por hora. Ele conseguiu essa façanha em um carro que ele mesmo projetou, “La Jamais content” (Nunca Satisfeito).

O carro de Jenatzy, engenheiro e piloto, era movido por dois motores elétricos produzindo um total de 50 kW. As baterias forneciam energia e representavam quase metade do peso total do carro, em torno de 750 kg. Foi somente nas décadas de 1920 e 1930 que os carros com motor a gasolina começaram a usurpar os carros elétricos, antes de substituí-los completamente.

Uma réplica de seu projeto vencedor está neste museu.

Achei muito interessante a exposição sobre como eram sinalizados a mudança de direção usando uma seta e o pisca (alerta) era uma “mão” em vermelho.

A seguir mostro uma foto do Parque Centenário onde está localizado este museu e outros museus.

Aproveitei para voltar a ser criança e sentei num carro semelhante a a um Fórmula I.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

O leão do blog

Vocês já observaram o símbolo do blog O Miau do Leão? Um leão em preto com a língua e as garras em vermelho e sob um fundo em amarelo. É o símbolo do leão flamengo que lembra o tricolor da bandeira belga.

No entanto há um outro leão todo em preto no fundo em amarelo. Ele é o símbolo do movimento de emancipação flamenga, mas, infelizmente,  tem surgido cada vez mais nas fachadas das casas flamengas da Bélgica como o símbolo de um partido de extrema direita. Foi durante a Segunda Grande Guerra Mundial, que a aversão ao leão flamengo tricolor atingiu seu pico. Havia um provérbio: “O vermelho esconde o rosto do judeu risonho”. Naquela época, uma boa parte da população também fazia pouca distinção entre “judeu” e “comunista”. 

Infelizmente, os símbolos nacionais têm sido apropriados por integrantes de partidos de extrema direita um pouco por todo o mundo. A intenção é a mesma: classificar as pessoas entre patriotas de um lado e inimigos da pátria do outro lado. 

O patriotismo é muito diferente do que pregam semelhantes grupos. Patriotismo é amor e não ódio. Esses grupos um pouco por todo o mundo deturpam o significado de patriotismo, confundem as pessoas e se apropriam ilicitamente de símbolos nacionais.

O leão do meu blog é amor, é alegria, é a diversidade de todos os povos que formam e vivem na Bélgica.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!

A expedição do belga Gerlache

Faz tempo que não escrevo sobre fatos curiosos sobre a Bélgica. Retorno hoje, afinal a ideia e o nome do blog partiu da necessidade de conhecer mais sobre o país que vivo. Vou contar sobre uma expedição belga que entrou para a história.

Há 125 anos que o navio de pesquisa Belgica partiu de Antuérpia para a Antártida. Foi a primeira expedição científica para a área. A missão liderada pelo belga Adrien de Gerlache, então com 31 anos, se transformou em uma jornada infernal na qual a tripulação teve que passar o inverno na Antártida sem planejamento, algo que ninguém jamais fez antes.

No final do século 19, a Antártida era desconhecida, e o jovem oficial da marinha belga conseguiu ser o primeiro a organizar uma expedição científica até lá. A Bélgica não era um país de marinheiros.

Ele esperava que o rei Leopoldo II e ricos industriais o ajudassem, mas isso não aconteceu e ele levou anos para conseguir o dinheiro necessário.

Em 1896, Adrien De Gerlache comprou o Patria, um baleeiro e caçador de focas na Noruega, e o converteu em um navio de pesquisa. E ele o chamou de Belgica, mas a marinha belga recusou-se a registrar o navio.

O navio suportou várias tempestades e quase naufragou por duas vezes. Na Antártida, ele ficou preso no bloco de gelo. Só após 1 ano foi libertado do gelo pela tripulação e depois de 2 anos voltou a atracar no porto de Antuérpia.

Sua tripulação era de 24 pessoas de 6 nacionalidades diferentes. E durante o período  que ficaram presos no gelo, viveram na escuridão total por meses, em um ambiente hostil com tempestades e nevascas. A temperatura a bordo estava sempre abaixo de zero. Usavam velas. A tripulação adoeceu por falta de vitaminas. Também mentalmente foi muito difícil devido à falta de sol e ao isolamento.  Um cientista belga com problema cardíaco congênito veio a falecer e um marinheiro norueguês lutou contra a psicose até o fim da sua vida.

A expedição forneceu informações sobre a fauna, flora e paisagens da Antártida e da Terra do Fogo. Eles também mapearam uma parte da Antártida que faltava, e descobriram um estreito, que mais tarde foi chamado de Estreito de Gerlache. Vários cabos, baías, ilhas e montanhas receberam nomes belgas, por exemplo: Ilha de Antuérpia, Ilha Brabante, Ilha de Gent, Ilha de Liège e Baía de Flandres.

Hoje, o Estreito de Gerlache é a área turística mais visitada da Antártida.

Agradeço sua leitura e até ao próximo post!